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A Arte de Jean-Pierre Melville

O francês Jean-Pierre Melville foi o nome escolhido para encerrar com chave de ouro o ciclo 2015 de coleções da série A Arte de..., inaugurada nesse ano pela Versátil Home Vídeo. Depois de Sam Fuller, John Cassavetes, Mario Bava, François Truffaut, Robert Altman, Andrei Tarkóvski e Dario Argento, chegou a hora de nos aprofundarmos no cinema do subestimado gênio do chamado Cinema Polar (o policial noir). Melville ganhou recentemente edições solo para dois de seus filmes, a obra-prima O Samurai (Le Samourai, 1967) e o maravilhoso O Exército das Sombras (L’armée de sombres, 1969), e agora vem em alta definição com mais três grandes filmes, além de um documentário sobre sua obra e vida dirigido por Olivier Bohler.




No primeiro DVD de A Arte de Jean-Pierre Melville, temos O Círculo Vermelho (Le Cercle Rouge, 1970) e o documentário Codinome Melville (Sous Le nom de Melville, 2008). Para quem não conhece ou pouco conhece sobre o diretor, nada melhor do que começar pelo reflexivo tratado de Bohler, para depois aproveitar melhor a obra-prima que é O Círculo Vermelho, um poderoso noir que homenageia os grandes clássicos de roubo do cinema americano, como Rififi (idem, 1955), e ainda traz Alain Delon (o ator-fetiche de Melville) em uma de suas melhores performances. O segundo disco traz outra obra-prima, Técnica de um Delator (Les Doulos, 1969), talvez o mais influente filme do diretor e um intrincado e soturno jogo de perspectivas que brinca com a dubiedade dos personagens principais. Dois Homens em Manhattan (Deux Hommes dans Manhattan, 1959) é a melhor surpresa da coleção, sendo considerado por muitos como o filme-síntese da carreira de Melville por declarar escancaradamente todo seu respeito e gratidão pelos filmes policiais americanos que tanto o influenciaram. Estrelado pelo próprio diretor, certamente é o título mais atrativo para os que já conhecem o básico de seu cinema e querem agora se aprofundar em trabalhos menos conhecidos.




Pulando do classudo noir francês para o mais delicioso cinema de gênero, vamos conhecer um pouco da coleção Clássicos Sc-Fi – Vol. 2, outro grande lançamento de novembro. Se no primeiro volume da coleção houve uma mistura bem eclética dos subgêneros que a ficção-científica engloba, neste os três DVDs se separam em categorias de mutação corporal, alienígenas e espaço sideral. No primeiro dividem espaço Scanners - Sua Mente Pode Destruir (Scanners, 1981), de David Cronenberg, e O Homem dos Olhos de Raio-X (X: The Man with the X-Ray Eyes, 1963), de Roger Corman. No filme de Cronenberg, seu primeiro grande sucesso, vemos um embrião do seu cinema e um dos seus trabalhos mais absurdos, enquanto no segundo filme temos nada mais que a maior obra-prima de Corman, que ainda conta com uma performance inesquecível do grande Ray Milland. O segundo disco reúne O Monstro do Ártico (The Thing from Another World, 1951), de Howard Hawks e Christian Nyby, e Matadouro 5 (Slaughter house-Five, 1972), de George Roy Hill. O ponto em comum entre os dois filmes está no fato de serem dirigidos por dois cineastas lendários que pouco trabalharam com o gênero, e é interessante notar como o filme de Hawks influenciou tantas obras posteriores, como o maravilhoso O Enigma de Outro Mundo (The Thing, 1982), de John Carpenter. Já o terceiro disco traz dois filmes raros, No Mundo de 2020 (Soylent Green, 1973) e Robinson Crusoé em Marte (Robinson Crusoe on Mars, 1964). Enquanto o primeiro se destaca como um dos melhores filmes do gênero nos anos 1970, o segundo aposta em uma irreverente adaptação do famoso romance de Daniel Defoe, ambientada no Planeta Vermelho.




E para quem tiver curiosidade, este mês ainda traz a coleção Cinema Faroeste – Vol. 2, que conta com clássicos de John Ford, Budd Boetticher, Raoul Walsh e Jacques Tourneur, com destaque para Renegando o Meu Sangue (Run oft he Arrow, 1957), obra-prima de Samuel Fuller e um dos grandes lançamentos do ano. Phenomena (idem, 1985), conto de fadas de horror de Dario Argento, em edição especial limitada e com pôster exclusivo, fecha novembro com classe. Até o próximo mês!

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