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Oscar 2011 - Quem será o vencedor?

Falta muito pouco para a entrega do prêmio mais charmoso da indústria cinematográfica, os famosos Oscars. Os vencedores serão conhecidos no próximo dia 27 de fevereiro, em cerimônia transmitida para mais de 200 países, incluindo, claro, o Brasil. Hora de conjecturar os prováveis felizardos tomando como base os prêmios precursores e as bolsas de apostas.

O Discurso do Rei é o campeão de indicações, com 12. Apesar do número expressivo, é bom recorrer à história para ver que, muitas vezes, quem larga na frente acaba patinando no final. Só que o grande número de nomeações deste longa-metragem inglês - sempre bom recordar que a Academia responsável pelos Oscar é norte-americana - demonstra o prestígio que a produção alcançou nessas últimas semanas quando, surpreendentemente, começou a ofuscar o até então super favorito A Rede Social.

Este último, sobre a criação do Facebook, foi escolhido o melhor do ano por quase todas as associações de críticos, incluindo o Globo de Ouro, mas inesperadamente sofreu um duro golpe ao perder para O Discurso do Rei a premiação do Sindicato dos Produtores. O filme sobre George VI e sua gagueira incontrolável foi aclamado ainda pelos sindicatos dos diretores, que optou por Tom Hooper, e dos atores, que concedeu seu prêmio principal, o de melhor elenco, para a produção (o filme também foi o grande vencedor do Bafta, o 'Oscar' inglês).

Essas três associações juntas reúnem grande parte dos quase seis mil votantes do Oscar. Assim, por intuição, seria óbvio afirmar: O Discurso do Rei leva o prêmio. O problema é que olhando para o passado recente, exatamente para 2007, percebe-se que o improvável acontece. Pequena Miss Sunshine venceu a premiação dos produtores e dos atores, mas para a Academia era ano de Os Infiltrados, de Martin Scorsese. Voltando mais um pouco, é possível recordar de O Segredo de Brokeback Mountain, que venceu tudo, mas na hora de ser coroado pelo Oscar o que se ouviu no Teatro Kodak foi o nome de Crash – No Limite.

Mas, zebras são sempre zebras e, geralmente, o favorito leva, e quem chega com esse rótulo são sempre os vencedores dos sindicatos. Só que esse ano há um quê de mistério no ar. E se muitas vezes o mais indicado não ganha e o Oscar há anos vem divergindo do Globo de Ouro, existem outras opções?
 
A resposta é afirmativa, mas difícil é saber exatamente quem. O mais óbvio seria Cisne Negro, mas após ser ignorado em categorias nas quais nem de longe merecia estar fora (casos de mixagem de som e roteiro original), o filme de Darren Aronofsky parece ser demais para o estômago de alguns. Então, quem sabe Toy Story 3? Os membros conservadores, do jeito que são, só concederiam esta honraria para uma animação se estivessem bêbados. Pode ser Bravura Indômita, o segundo mais indicado e quase esquecido nos debates pré-Oscar, a levar o prêmio máximo? Improvável demais.

A verdade é que este ano, a Academia, de modo geral, selecionou muito bem seus concorrentes e a disputa naturalmente fica mais aberta. Mas, se para melhor longa-metragem a disputa está menos previsível, apesar da dianteira de O Discurso do Rei e A Rede Social, com mais vantagem para o primeiro, nas outras categorias os vencedores são mais óbvios, principalmente nas de atuação.

Não vai ter para ninguém. Os coadjuvantes serão de O Vencedor. Melissa Leo e Christian Bale só não nocautearão seus adversários se a Academia estiver realmente disposta a surpreender - e já se começa a falar na possibilidade de Hailee Steinfeld, de apenas 14 anos, derrotar a até então imbatível e veterana Melissa Leo, que segue favortia. Natalie Portman vai mostrar que essa história de bailarina cordial e delicada é quase fantasia e atropelará suas concorrentes sem dó nem piedade, por mais que Annette Bening e Jennifer Lawrence estejam ótimas em seus filmes. Entre os homens, a vitória será de, de, de Colin Firth, gagueje ele ou não na hora do discurso de agradecimento.

Já o melhor diretor da noite também é ponto de discórdia. David Fincher fez um magnífico trabalho em A Rede Social, contido em qualquer maneirismo que atrapalharia o bom ritmo da narrativa. Tom Hooper parece o concorrente mais forte, em função da premiação de seu sindicato, mas, vai saber. Este ano é, na verdade, uma boa oportunidade para que não haja casamento nas vitórias de direção e filme e seria extremamente merecido se, aqui, lembrassem de Darren Aronofsky por Cisne Negro (o que dificilmente acontecerá). O ano parece apontar que o vitorioso nesta categoria verá seu filme derrotado na principal.

E é assim que excepcionalmente em 2011 os roteiros podem servir de espaço para os prêmios de consolação, espécie de “Parabéns, seu filme merecia, mas não vai ganhar nada daqui para frente”. A originalidade do roteiro de A Origem merece e deve ser premiada, já que Nolan foi totalmente esnobado em direção. Será mais um tradicional “Foi mal” da Academia. Entre as adaptações, o mundo virtual será, de algum forma, consagrado, está entre A Rede Social e Toy Story 3.

Filme estrangeiro

Apesar do pouco interesse dos norte-americanos pelos filmes que os forçam a ler legendas, esta é uma das categorias mais emocionantes da premiação, já que é realmente tarefa árdua prever o vencedor. Isso porque diferentemente do que ocorre na maioria esmagadora das categorias, aqui só podem votar os membros da Academia que comparecerem a exibição de todos os concorrentes em sessões oficias do Oscar. Não adianta alegar que já viu no cinema, que recebeu dvd da distribuidora. Se não aparecer pessoalmente e assinar presença, não vota.

Assim, o pseudo favoritismo do mexicano Biutiful, graças ao prestigio de Alejandro González Iñarritu e Javier Bardem, cai por terra, já que voto por afinidade sem sequer ver todos os concorrentes, não existe neste caso.
 
A segunda possibilidade que vem à mente é Em um Mundo Melhor, filmaço dinamarquês ganhador do Globo de Ouro. Mas, o Oscar parece ter um gosto peculiar – ou birra – e costuma não premiar o mesmo que seus colegas da imprensa estrangeira. Esse é um bom ano para que essa escrita mude e Susanne Bier levante o careca. 

Mas, no momento, se necessário fosse apostar em alguém, uma terceira opção parece mais plausível. O problema é definir entre Incêndios, do Canadá, e Fora da Lei, da Argélia. O mais improvável de todos, que parece ter na indicação a sua vitória, é o grego Dente Canino. Mas, nessa categoria, o menos óbvio pode se tornar vencedor do dia para a noite. Aconteceu com A Partida, do Japão, em 2009. Pode acontecer de novo.

Brasil e o Oscar

Vale tirar a camiseta verde-amarela do armário porque é ano de torcer pelo país, que concorre com o documentário Lixo Extraordinário. Apesar de toda a polêmica sobre a nacionalidade real do filme, que é uma coprodução Brasil/Reino Unido, quem viu sabe que a alma do projeto é brazuca, além de dois diretores, dos personagens, do artista, de metade da verba...

E a Academia já corrigiu o equívoco (que aconteceu não por culpa dela, mas pelos dados contidos na ficha de inscrição): a produtora de Fernando Meirelles, a O2, foi devidamente reconhecida como produtora do documentário.

Portanto, se o nome Wast Land, título em inglês de “Lixo”, ecoar pelo Teatro Kodak, significa que o Oscar é nosso. As chances de isso acontecer são boas devido ao sucesso em festivais durante todo o ano de 2010, mas a concorrência será pesada, até porque existem filmes de temáticas semelhantes ao brasileiro, caso de Exit Through The Gift Shop, responsável por revelar ao mundo a face do artista de Rua Banksy. Nenhum dos cinco concorrentes é de se jogar fora. 

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