Na obra, de George Orwell, o mundo está dividido em três grandes Estados: Eurásia, Lestásia e Oceania. Regidos por regimes ditatoriais e que encontram-se em guerra permanentemente. A estória passa-se na Oceania, onde os moradores são permanentemente vigiados por teletelas, controlados pelo Grande Irmão(Big brother), que permite vigiar, controlar e oprimir a população. Governo que desenvolve ainda, uma nova língua, que chamam de “novilíngua”, para que possam inclusive controlar as expressões que os desagradam. Com uma política de vigilância e opressão, pregam ainda a ausência do prazer sexual, principalmente nas mulheres e intenso processos de lavagem cerebral nas criancinhas, que servem ainda de maiores delatores de possíveis opiniões contrárias às permitidas.
Winston Smith é o personagem central, um funcionário do Ministério da Verdade, órgão que controla as notícias, modificando tudo o que foi dito no passado para cumprir os objetivos do partido, no presente. Smith desenvolve sua indiferença pela sociedade tornando-a apreço a uma possível rebelião contra esse sistema. Descobre ainda o amor por Julia e uma identificação com outro membro do partido, O’Brian.
Vê em Goldstain, a imagem pública da oposição, e caminhando por suas palavras e pela própria memória, vê a realidade a que estão submetidos e imagina na prole, a esperança para liberdade.
Porém, percebe que tudo é arma desse partido, para continuar no controle. A guerra cujo objetivo não é lutar por uma causa, mas manter um grupo no poder. As funcionalidades dos ministério. O controle sobre as pessoas, sobre os acontecimento. A oposição. Armas para um permanente controle. É capturado e levado ao ministério do Amor, onde posteriormente, conhece o misterioso quarto 101, e descobre que não basta dizer ser favorável aos controladores da Nação, mas de uma forma ou de outra, realmente acreditar nisso.
Trata-se um livro político e apocalíptico, onde através de uma excelente ficção Orwell mergulha-nos num caminho real, onde a humanização dá lugar ao poder. Poder esse, que utiliza de diversos e já citados mecanismos para permanecer no comando, mecanismos esses, que mesmo de diversas formas, já se fazem presentes em diversas sociedades e caminhos políticos na atualidade. O enredo, além de tudo é um aviso de quando os fins passam a controlar os meios.
A obra, é demasiada profunda e intensa. No entanto esse não é o papel do filme.
Talvez por ser um livro tão complexo, o filme não o acompanha, e o aborda de maneira que em dados momentos, chega a ser superficial. Não passa, ou passa ligeiramente, por diversos pontos que são muito desenvolvidos no livro. Deixando a sensação de que falta algo.
A maioria dos personagens tem uma abordagem rala, e alguns personagens secundários são esquecidos. O roteiro adaptado, como dito, não mergulha no imenso mar descrito por Orwell. Transmite algumas passagens necessárias para causar, o efeito obtido ao ler 1984, embora como dito, peque ao transitar superficialmente por muitas outras.
Embora Radford mantenha uma boa direção, e em dados momentos consiga passar o sentimento exposto pelo pseudônimo de Eric Blair, como na transmissão inicial do discurso do big brother ou no quarto 101, e acerte na direção de arte, o filme fica aquém de uma obra grandiosa.
John Hurt interpreta Smith, e o faz muito bem, como demonstra principalmente nas cenas em que o personagem é capturado e submetido a torturas para que “aceite” o Grande Irmão.
Frente a outras películas, às produções hollywodianas tradicionais, o filme é uma boa produção, ousada. No entanto, quando comparado ao texto que lhe deu origem, expõe falhas e buracos que só podem ser aprofundados no livro, e perde seu brilho.
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