MUITO ESTILO E POUCO DESENVOLVIMENTO FAZ DE 3000 MILHAS PARA O INFERNO MAIS UMA BOA IDEIA JOGADA NO LIXO
Ação e adrenalina ao som de muito Elvis. Pelo menos era isso que a maioria dos trailers e cartazes anunciavam com relação a 3000 Milhas Para o Inferno (3000 Miles To Graceland, 2001), filme de estréia - e também o único - do diretor Demian Lichtenstein. Porém, o que realmente se vê é apenas muitos tiros, um grande elenco e pouco Elvis.
Achei a idéia de uma quadrilha de covers do Rei do Rock que assaltam um cassino, comandadas por um filho legítimo não reconhecido do próprio Elvis, sensacional. Mas os caminhos adotados pelo roteiro (do próprio diretor em conjunto com o também estreante Richard Recco) são completamente diferentes dos propostos pela comercialização do produto.
Primeiro, porque o tal assalto ao cassino se dá logo nos primeiros instantes do filme e de maneira rápida e mal conduzida. A facilidade com que a quadrilha entra no recinto e efetua o assalto é difícil de engolir, com os bandidos desfilando de metralhadoras em punho e tudo. Depois disso, o filme se desenrola sob uma trama de ladrão que rouba ladrão e uma espécie de romance a la Robin Hood moderno.
Segundo porque a ação do filme, na verdade, se resume apenas a MUITOS tiros e algumas perseguições de carros bem sem graça. 3000 Milhas Para o Inferno (seria para Graceland) não se decide se é um filme de bandidos, de assalto, western moderno ou um road movie pouco inspirado.
Terceiro, porque o "muito Elvis" que nos foi prometido, não condiz com o que nos é entregue de verdade. Para ser justo, a primneira meia hora de filme, mais ou menos, ou o primeiro ato inteiro (sei lá) é banhado na atmosfera do Rei. Músicas, imitadores e todo aquele estilo inconfundível. Realmente, o início é (ou foi) promissor. Mas depois do assalto fica até meio estranho ver Michael (Kurt Russel) e Murphy (Kevin Costner) em cena. Em alguns momentos chega a ser embaraçoso.
O quarto motivo é o mal (para não dizer péssimo) aproveitamento do grande elenco. Não só os protagonistas, Costner e Russel, são desperdiçados, mas a bela Courteney Cox (a Monica do seriado Friends e a Gale Weathers de Pânico), o engraçadíssimo Jon Lovitz (Encurralados No Paraíso; Tá Todo Mundo Louco), Kevin Pollak (Fim dos Dias; Questão de Honra; Cassino; Os Suspeitos), o irritante Christian Slater (Jovem Demais Para Morrer; Robin Hood: O Príncipe dos Ladrões) e o maridão de Courtney Cox, David Arquete (Pânico; Malditas Aranhas) são totalmente sub-aproveitados em cenas curtas de tomadas rápidas.
Além do mais, para um filme que se propõe a explorar a imagem do Rei do Rock, a trilha sonora deixa muito a desejar, com poucas canções do mesmo. E essas músicas não enriquecem nenhuma cena (salvo a do assalto). Sem falar na constante mudança no comportamento de alguns personagens quando conveniente. Murphy, por exemplo, é apresentado como o cabeça do grupo, uma espécie de líder, justo e diciplinado, seguindo à risca o planejado. Pouco tempo depois, torna-se um louco desvairado imprevisível e de ações impulsivas e aleatórias. Por falar nisso, alguém sabe me dizer o que aconteceu aconteceu com aquela garota que se junta à Murphy no posto de gasolina? Micheal e Cibyl também me parecem bipolares em alguns momentos.
As coicidências do roteiro são tão grandes que tornam o filme muito previsível e tirando toda a graça do desfecho. E, pra piorar, tem aquela abertura ridícula com os escorpiões metálicos de dar dó.
Com tantos pontos negativos, 3000 Milhas Para o Inferno mereceria um zero muito bem dado, certo? Pior é que não. O início promissor, a idéia original e os contantes tiroteios são o bastante para manter o mínimo de interesse. Nada de tirar o fôlego ou prender a respiração, mas dá pro gasto.
Esse só vale pela Courteney Cox que tá gostosa pra caralho!
Russel totalmente caricato como você disse uma ótima ideia jogada fora...
Courteney Cox tá mesmo um espetáculo nesse papel de safada em apuros.