Até onde você iria por sua família? Este é o questionamento de Paul Haggis neste intenso Thriller.
Após assinar o roteiro de Menina de Ouro (filme de Clint Eastwood), Paul Haggis despertou certa curiosidade nos americanos por sua competência e facilidade em fazer um filme bem amarrado, interessante e por vezes complexo. E foi nessa súbita fama que o roteirista começou a levantar voo, dirigiu e roteirizou mais alguns filmes (alguns considerados grandes obras do cinema) e agora, em 2010 nos apresentou seu mais novo projeto, “72 horas”, um thriller empolgante, ágil e que com a mais absoluta certeza te fará grudar na cadeira.
Baseado em um filme francês, “72 horas” conta a historia de uma família comum que é devastada com um acontecimento trágico, John Brennan vê sua mulher ser levada pela policia sendo acusada de assassinato. Laura (interpretada por Elizabeth Banks) passa algum tempo na prisão, com uma leve esperança de conseguir liberdade algum dia, esperança perdida quando o marido, em lágrimas, revela a ela as horríveis e pesadas palavras do advogado que afirma sua prisão perpétua. E é ai que o filme realmente começa, ganha gás e fica empolgante. Inconformado com a situação da pessoa que mais ama no mundo, John começa a pesquisar relatos de pessoas que conseguiram escapar de penitenciarias e como conseguiram tal feito. O que era apenas uma idéia boba acaba se tornando um tsunami em sua vida, pois determinado e com alguns recursos, ele decide tirar a esposa da cadeia e dar a ela novamente uma vida, custe o que custar.
Para alguns pode até parecer clichê, mas visto nas telas é uma experiência bacana, super divertida e conduzida de maneira agradável por Haggis, que consegue controlar o espectador ao seu modo, indo com calma, por partes e nunca em um ritmo acelerado e incompreensível. Ao escolher Russel Crowe para interpretar o protagonista a produção foi de uma sorte imensa, pois o ator já havia provado que tem estomago para papeis tensos em dramas mais intensos, se saindo muito bem na pele do marido corajoso neste aqui. A s atuações na realidade, como um todo estão aceitáveis, nada maravilhoso, mas conseguem manter a tensão proposta no longa.
Interessante mesmo é o fato de não sabermos realmente se Laura é ou não a verdadeira assassina, nas conversas com o marido ela nunca menciona o fato de ser inocente e querer sair daquele lugar horrível que a está consumindo, até que perdendo a cabeça por breves instantes ela diz ter matado sua chefe, e chora. Nesta altura do filme, já estamos torcendo pelo casal, inocentes ou não, pessoas boas ou más, estamos do lado deles para o que der e vier. E em um filme assim, é essencial que os personagens ganhem a simpatia de quem assiste, pois caso contrario toda a energia evapora. Então, mesmo sendo a culpada, John arquiteta um plano brilhante, diferente e muito perigoso, que entra em ação nos últimos 30 minutos de filme. O diretor então usa várias técnicas de filmagem, um tanto batidas eu admito (algumas me lembraram muito as de Tony Scott) para fazer a tensão e a ação fluírem naturalmente, mas tudo ocorre de forma um tanto forçada, muito certinha, previsível e por vezes irritante. É estranho,pois a parte mais divertida é o final e ao mesmo tempo é também a parte mais problemática. A fuga acontece, todos os policiais da cidade se envolvem no caso para impedir que o plano de John se concretize realmente e Haggis cai nos clichês do gênero, FBI, perseguições e tiroteios, a sensação de que já vimos aquilo tudo, de forma melhor ou pior é incontestável.
Mas entre falhas e acertos “72 horas” é um bom entretenimento, tenso, com roteiro empolgante e personagens muito bons. O que o filme teria de mais ridículo e nojento é o final, alem de tudo dar certo acabamos nos sentindo traídos, pois torcemos pela personagem do inicio ao fim, mesmo sabendo de sua culpa, mesmo sabendo que era uma psicopata esperta que matou e enganou, mas Haggis não estava contente, na cena final mostra por meio de flashbacks o que realmente ocorreu na cena do crime, e para a alegria de todos (menos a minha) Laura era inocente. Nada com um bom filme, para prender a atenção, te conquistar e depois colocar você no bolso da forma mais mesquinha possível.
Comentários (0)
Faça login para comentar.
Responder Comentário