Christophe Honoré é apontado como um dos mais promissores cineastas franceses da atualidade. Pode até ser que já tenha mostrado a que veio, que é o que eu penso. Em A bela Junie (La belle personne, 2008), Honoré mostra mais uma vez todo o seu charme ao adaptar para o cinema o livro de Madame de la Fayette. A trama em si não guarda muito de originalidade. Mas sou partidário da ideia de que um bom filme e uma boa história não precisam necessariamente ser originais. Mais importa a forma de se conduzir a trama do que propriamente sua originalidade. Vide como exemplo gemas como Closer - Perto demais (Closer, 2004) e Pequena Miss Sunshine (Little Miss Sunshine, 2006), cujas histórias não são inéditas, mas que apresentam conduções muito eficientes.
Mas vamos à trama do filme em questão: Junie, personagem-título, é uma jovem de 16 anos que acabou de perder seus pais. Com isso, muda de escola no meio do ano junto com o irmão Mathias. Sua beleza logo chama a atenção dos meninos do colégio, que tentam de tudo para conquistá-la. Mas Junie se interessa por Otto, rapaz taciturno e tímido, que tem dificuldades em demonstrar o amor que sente por ela.
Porém Junie logo descobre que seu amor de verdade será por Nemours (Louis Garrel), seu professor de italiano. Ela se recusa a viver esse sentimento por acreditar que ele não será dela para sempre, e decide não levar adiante esse sentimento.
Há ainda espaço para a trama de Mathias, um jovem em dúvida quanto à sua sexualidade, e que mantém um caso secreto com um rapaz, que logo vira do conhecimento de todos na escola.
Com elementos de uma peça shakesperiana, A bela Junie aposta no já visto tema da ciranda de desencontros amorosos. Mas o apresenta de uma maneira muito bem costurada e atraente, tornando-se muito mais interessante de se acompanhar o desenrolar dos fatos.
É certo que haverá sofrimento de amor para ambas as partes, pois nunca os dois deixam de amar ao mesmo tempo. É certo também que haverá morte, física mesmo, para algum dos envolvidos, só não se pode revelar quem. Louis Garrel, ator-fetiche de Honoré, mais uma vez está lá. E mais uma vez se sai muito bem, dessa vez na pele de um homem que se torna vítima dos próprios brios.
Um senão do filme é a cena em que um personagem canta sua tristeza enquanto caminha pelas ruas. Um momento musical desnecessário. Em alguns momentos, Honoré pode soar grandiloquente sem necessidade, mas isso não chega a ser sintomático em sua filmografia. A direção de atores também é outro ponto forte do filme, embora Garrel pareça estar além de seu bom rendimento habitual.
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