Burton é um dos diretores mais inventivos dos últimos tempos, e também daqueles que sempre empregam sua marca em tudo o que faz, afinal é impossível não reconhecer suas características assim que nos deparamos com qualquer trabalho seu, Edward – Mãos de Tesoura, Sleepy Hollow, Ed Wood, e até mesmo em Marte Ataca! ou em Os Fantasmas se Divertem, seu estilo gótico e o humor negro estavam inseridos ali, mesmo que dentro dessas produções uns se saíssem melhores que outros, o nome de Tim Burton era imposto e sua genialidade empregada de forma correta, mas, infelizmente o diretor acabou por se entregar ao comercial, aceitando a empreitada de se aventurar em historias conhecidas do grande publico e ficou nítido que ao se tratar disso, Burton não se dá muito bem, não consegui manter um ritmo e acaba se perdendo e no final, entregando filmes de resultados duvidosos visto o caso com Planeta dos Macacos, o recente Alice no País das Maravilhas, e esse A Fantástica Fabrica de Chocolate, que como os outros dois citados, dividiu muitas opiniões.
Diferente do primeiro filme, este aqui propõe ser mais fiel à obra original de Roald Dahl, como visto no próprio nome, que sugere que Charlie seja o personagem principal da trama, e não Wonka, mas isso acaba por ficar só na intenção, pois a partir do momento em que o dono da fabrica da as caras no filme, Charlie fica completamente apagado, com o foco todo voltado a vida de Wonka, desde a infância até seu primeiro fio de cabelo branco. Assim como faria em Alice futuramente, Burton se entregou a vários efeitos especiais para compor o filme, o que o deixou meio descaracterizado a seu estilo, já que este era acostumado a gravar em cenários feitos manualmente e personagens cobertos de maquiagem. Não que isso tenha sido um erro da parte do diretor, pois vários cenários são realmente magníficos e gigantescos, como a própria fabrica, recheadas de detalhes espalhados por varias salas, e tirou o ar cafona do filme antigo, em que tudo foi feito de forma manual e com os recursos possíveis pra época, e como a primeira versão não fez parte da minha infância, o que muitos usam como forma de comparação entre um filme outro e torna o antigo melhor, pelo menos nesses aspectos, o filme de Burton ganha. Mas Tim tem um ponto fraco em sua carreira, desde o inicio, lá em Edward, notamos que o diretor não tem muito “pique” para contar historias, os meios de seus filmes costumam perder o ritmo e acabar se tornando uma desculpa para chegar ate o final, não que isso ofuscasse o brilho de seus filmes, pois o que víamos em cena, compensava essa falta de argumento, mas no caso em especifico desse filme de 2005, voltamos a ver isso, mas com um “Q” a mais de marasmo, tudo é muito longo e arrastado, o filme demora pra pegar um ritmo e só após a primeira aparição de Wonka é que as coisas começam a andar, até um certo momento, pois todo o processo de “descarte” das crianças é muito longo e chato, impregnado de musiquinhas irritantes entoadas pelos Oompa Loompas. A tal primeira aparição de Wonka tem inicio com uma apresentação de bonecos, qual termina em tom de tragédia, e mostra que o filme será muito diferente do primeiro.
Burton contou mais uma vez com seu parceiro de longa data, Johnny Depp e a esposa, Helena Bohan-Carter para essa empreitada, e ambos, entregam mais do mesmo. Depp, criou um personagem bem diferente do de Gene Wilder, dando um ar mais misterioso a Wonka, e em certo momentos duvidamos de suas ações, um bom trabalho, em partes, pois em certos momentos, Depp apela pra formas caricaturais definitivamente irritantes, e trazendo trejeitos de Jack Sparrow que havia interpretado dois anos antes. A esposa do diretor simplesmente esta normal aqui, não mostra nenhuma parte de seu bom trabalho, meramente um mãe de família pobre e nada mais. Freddie Highmore como Charlie, nosso suposto protagonista também não faz nada muito importante, já tendo trabalho com Depp um ano antes no ótimo Em Busca da Terra do Nunca, onde se mostrou um ator com muito mais potencial do que o que vemos aqui, o menino fez um papel até fraco em, visto-se tamanha importância do mesmo na historia, afinal, a historia é dele, tudo deveria girar em torno dele, o que levaria a um trabalho mais firme e com mais personalidade, mas é exatamente ao contrario, o garoto em vários momentos parece trabalhar no automático, simplesmente ditando o seu texto, o que pode ter sido culpa do diretor ao mudar o foco principal nos personagens.
Danny Elfman volta para assumir a trilha de um filme de Tim Burton, e esse não cria o melhor de seus trabalhos aqui, salve uma ou outra passagem por ali e cá, como na musica de apresentação dos bonecos, que é até engraçadinha, numa primeira vez. As musicas dos Oompa Loompas ganharam um tom bem diferente da outra versão, ganhando um tom mais contemporâneo, cada uma com uma melodia bem diferente e a caráter de sua fonte de inspiração, no caso, as crianças que compõe o grupo de visitantes.
Mesmo com tantos erros, talvez esse aqui, dos três filmes citados lá no começo do texto, seja onde Burton mais tenha acertado a mão, mesmo o resultado final não sendo algo que irá mudar a vida de quem vê, nem se tornar o favorito do diretor, mas, entre as tentativas de se aventurar em algo popular, foi o que Tim conseguiu fazer de melhor, e deixa a expectativa de seus fãs(como eu) que ele deixe de lado essas arriscadas empreitadas, e volte a seu modo velho e genial de fazer cinema.
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