Nada além do prometido, 'A Grande Família - O Filme' é como um episódio de televisão estendido.
Maurício Farias dirige uma história bem mais dramática do que estamos acostumados a ver nos divertidos episódios da série de tv, "A Grande Família", que desde a década de 70 enfeita a programação semanal da tv brasileira com situações engraçadas de um elenco que corresponde a uma família cheia de problemas e beirando ao caos. Nesta fita, nada pode-se esperar além do que um espectador global está acostumado a ver todas as quintas feiras. 'A Grande Família - O Filme', aliás, é bem inferior a qualquer outro episódio da televisão, já que diverte o mínimo possível e ainda faz mais pensar (errado) do que rir. Isso já vai contra os princípios da série, mas como se o diretor e os roteiristas são também os mesmos envolvidos na série de televisão? Este filme deixa claro que em alguns casos, um determinado produto só dá certo na televisão e quando há a oportunidade de estendê-lo além dos limites do Projac da Rede Globo, as dimensões da história original perde-se por completo.
Farias decide mostrar muito mais do que se vê na televisão. O roteiro cobre desde os tempos em que o casal principal Lineu e Nenê se conheceram e se apaixonaram em um baile durante a juventude. Muitos anos depois, já casado com Nenê, Lineu acha que pode estar com um sério tumor, e que seus dias de vida podem estar contados. É quando aparece Carlinhos, uma antiga paixão de Nenê, que volta para o Rio de Janeiro, agora querendo reaver o seu romance do passado com a mulher. Recheado de drama e com pequenos trechos de comédia, com pouquíssimas piadas que funcionam, 'A Grande Família - O Filme' parece ser mais um episódio de tv, só que mais sem graça. O que pode-se aproveitar de uma história absurdamente óbvia, com os mesmos destaques e problemas da série global e os mesmos personagens? Algo bastante inferior ao que só funciona em um único lugar, e principalmente, apenas uma vez por semana.
Se tem algo que segura as pontas desta fita é o elenco. Um elenco conhecido justamente pelos papéis que representam no seriado, a grande maioria que vem do teatro e outros com pouca experiência no cinema. Marco Nanine, como sempre, desempenha bem o seu papel de pai de família autoritário e cheio de segurança, com diálogos que se tornam muito maiores graças ao seu talento. Marieta Severo continua a mesma dona de casa, Nenê que se vê na televisão, sem mais nem menos. Já Guta Stresser, a Bebel e Pedro Cardoso que atua como o melhor personagem da série Agostinho Carrara, que é um pouco mais experiência em filmagens cinematográficas se dão muito bem, além de Andréa Beltrão, a Marilda e o mesmo vagabundo de sempre Tuco, interpretado por Lúcio Mauro Filho não fazem distorção alguma entre os seus desempenhos na tv e no cinema. Outro fanfarrão da sétima arte, Tonico Pereia, continua o mesmo também, ou seja, na grande maioria, nada mudou. O filme conta com participações especiais de Dira Paes, uma ótima atriz brasileira e Paulo Betti, um dos piores.
Em termos técnicos, o mesmo de novo. A direção de arte é caprixada como a da televisão, os figurinos a trilha sonora composta por sambas também. É tudo igual, mas mesmo assim, o resultado acaba se saindo bem menor do que o esperado.
Não é preciso muito para falar sobre este 'A Grande Família - O Filme', um filme previsível, mais do mesmo, que só não deu certo por estarmos falando de um produto menor da televisão, que tem muito menos apelo público, por incrível que pareça. Sem ser tão engraçado como deveria ser, Maurício Farias escorrega na direção por usar de clichês exagerados e estereótipos baratos para contar a mesma história em uma redundância impressionante. Apesar de ter sido o filme mais visto de 2006, não valeu o sucesso que recebeu. Resumindo tudo, não chega aos pés da série.
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