Esta década foi marcada pelo ressurgimento de vários ícones do Terror, que mais do que nunca estão em alta em Hollywood. Várias séries que fizeram sucesso nas décadas de 70 e 80 ganharam novo gás recentemente, como "Halloween", "O Massacre da Serra Elétrica" e "Sexta Feira 13". Este ano foi a vez de Freddy Krueger, que sem dúvida é um dos maiores desta grande lista, e ganhou um novo pontapé em sua Saga de sucesso.
A primeira grande mudança foi a saída do ator Robert Englund, que pela primeira vez não iria viver o maníaco nas telonas. O papel ficou para Jackie Earle Haley (que realizou um fantástico trabalho em "Pecados Íntimos), não decepcionando, mesmo que a figura do vilão tenha se imortalizado na pele de Englund, a mudança de nada alterou no resultado final. O diretor responsável Samuel Bayer não chegou a comprometer a obra original de Wes Craven, porém não fez nada para tornar seu filme, um bom entretenimento.
Quando assisti a este filme nas telonas, a primeira reação foi a de tédio, tendo em vista que são tantas passagens chatas e sem lógica, diálogos completamente desnecessários, que cansam rapidamente, porém alguns momentos elevam o nível do projeto, com algumas doses de tensão. Mas não espere ficar assustado com o filme, pois isto é praticamente impossível. A falta de clima na maioria dos ataques de Freddy predomina, passando longe dos primeiros longas do assassino.
O roteiro assinado pela dupla Wesley Strick e Eric Heisserer é fraco, mas em alguns momentos se mostra interessante. O problema são os personagens, totalmente vazios, não representam absolutamente nada, de tão nulos que são. Todos estereotipados, não causam empatia, dificultando a aceitação em acompanhar este tipo de filme. O roteiro até tenta humaniza-los um pouco, criar situações que, pelo menos, faça que o público se importe um pouco, mas tudo é jogado fora com interpretações de terceira.
A trilha sonora do filme, tão criticada, não me incomodou muito não. Claro que a presença dela tira quase 100% da tensão nas cenas de clímax, porém as mortes que ocorrem nos sonhos, que se encontram mais estilizadas do que nunca, por muitas vezes, conseguem segurar a barra, e a tensão mesmo que diminuida, não se acaba. Por muitas vezes, as notas começavam a subir gradativamente, anunciando a chegada de Freddy, o que já retira uma grande parcela no clima de suspense, mas os ataques nos sonhos foram realizados com bastante esmero, encobrindo parcialmente estes defeitos.
O krueger de Haley é bem mais sombrio e sanguinário do que vinha sendo mostrado nos últimos longas do assassino. Misterioso, consegue acentuar a tensão quando está presente, tendo em vista que a imprevisibilidade acompanha o maníaco, totalmente diferente das suas últimas aparições, que eram realizadas com bastante extravagancia. Desta vez o vilão está diferente, mortal, realmente representando perigo. Não brinca com suas vítimas, muito menos é de conversar fiado, relembrando bastante o vilão do primeiro filme.
Os problemas na narrativa se encontram aos montes, sem falar no clima falho, que praticamente em mais da metade do longa, não convence e muito menos assusta. Os personagens e seus 'problemas' não interessam ao público, e suas ações muitas vezes são ridículas. Todos estão exagerados, cada um com seu estereotipo, presente na maioria destes filmes de Terror. Os atores mais parecem manequins feito por encomenda, onde os homens são sarados e as mulheres são siliconizadas.
O passado de Freddy é revisto pelo roteiro, porém o que poderia ser uma grande oportunidade, foi jogada fora por falta de talento dos roteiristas e a mão tremula de Samuel Bayer. A pedofilia é um assunto delicado, além de estar em foco em nossa sociedade nos últimos anos, mas o diretor não soube aproveitar destes elementos, abordando superficialmente o tema. O tema não é aprofundado e muito menos tratado de forma correta dentro da trama, tendo em vista que quase tudo fica sem maiores explicações. A sensação é de inutilidade, já que o tema polêmico apenas foi levantado, mas em nenhum momento parece estar conectado de vez à trama e na trajetória dos personagens.
As mortes estão legais, e mesmo que sem clima, ainda são criativas e algumas interessantes. Pelo menos houve significativa mudança no tom que estava sendo empregado, nos últimos capítulos da série. Freddy está bem menos presente do que antes, o que irá desagradar a muitos, que se acostumaram com seus exageros nas telonas. As suas falas de impacto também foram reduzidas a quase zero.
O problema é que Freddy, ao longo dos anos e de tantos filmes, tornou-se algo muito maior do que um simples vilão. O que era um assassino dos pesadelos tornou-se algo bastante divertido, se perdendo em exageros cômicos, que acompanharam a série a partir do quarto capítulo. Os fãs que se acostumaram com suas atitudes e suas tiradas sarcásticas ficarão desapontados. Freddy mata sem dó novamente.
Comparado com seu maior rival no universo do Terror, Jason Voorhees e sua série "Sexta Feira 13", Freddy leva vantagem financeira e no conteúdo de seus filmes, onde embora a produção de ambas serem realizadas de forma relâmpago nos anos 80, a série "Hora do Pesadelo" era melhor realizada. Comparando os remakes desta década, Freddy sai novamente na frente, que mesmo possuindo uma história sem vergonha, é superior ao que foi apresentado ano passado no longa do mascarado.
"A Hora do Pesadelo" retoma com uma das mais famosas franquias de Terror, que nos anos 80, fizera milhões de fãs pelo mundo todo. O ex-carismático Freddy retorna, desta vez, para matar e não brincar. Possuidor de mais defeitos do que acertos, este filme ainda consegue alcançar bons momentos. A morte do vilão no final do filme é totalmente sem graça, sem criatividade e sem tensão, diminuindo ainda mais a empatia com o longa. É um filme desnecessário, que não fazeria falta caso não existisse, mas já que existe, é uma regular volta de Freddy Krueger.
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