“A Liga...” é baseado numa história em quadrinhos que se vale de tremenda licença poética. Nela, famosas figuras da Era Vitoriana inglesa – os “extraordinary gentlemen” do título - reúnem-se para pôr seus talentos a serviço da Sua Majestade e, assim, evitar uma guerra total entre as potências europeias. São eles Allan Quatermain, Tom Sawyer, Capitão Nemo, Mina, Dorian Gray, Dr. Jekyll e o Homem Invisível.
Se alguma graça poderia haver em reunir uma turma do “chá das cinco” para a ação, ela logo se perde em exageros e ação desenfreada. A ideia se esgota rápido, deixando o filme cansativo. “A Liga...”, aliás, envelheceu depressa, em parte pela enxurradas de licenças poéticas que surgiram depois – Van Helsing, Sherlock Holmes, João e Maria, os Irmãos Grimm e até, pasmem, Abraham Lincoln, receberam novas concepções!
Ainda valeria a ideia se aos personagens fosse acrescentado algo interessante. Mas isso não acontece e, pior que tudo, é a visão imperialista explícita do filme: no século XX que se inicia, o inglês Quatermain será substituído pelo norte-americano Tom Sawyer, numa clara alusão de que todo o mundo permanecerá submetido a uma ordem, guiada por gente “extraordinária”, “talentosa” e “progressista”.
Admito que esse filme é um guilty pleassure meu. É uma bosta? É. Mas é uma bosta boa.