Martin Campbell está sem filmar desde 2011. Responsável por alavancar o ápice e a forma máxima de James Bond duas vezes, uma em 1995 com "007 Contra GondenEye" com Pierce Brosnan e em 2006 com "Cassino Royale" com o agente secreto já na pele de Daniel Craig. Campbell também possui no seu currículo os bons "Amor sem Fronteiras", "Limite Vertical" e "O Fim da Escuridão". Mas Campbell já está sem dirigir desde 2011 e acho que isso deve-se a bomba ambulante "Lanterna Verde"... Mas antes desse fracasso, Campbell alavancou outro personagem conhecido mundialmente em "A Máscara do Zorro"...
Escrito por John Eskow, Ted Elliott e Terry Rossio, baseado em argumento dos dois últimos ao lado de Randall Johnson e inspirado em personagem criado por Johnston McCulley, “A Máscara do Zorro” tem início quando o mexicano Don Diego de la Vega, o Zorro (Anthony Hopkins), desafia a tirania do espanhol Don Rafael (Stuart Wilson) durante uma execução pública, mas tem sua verdadeira identidade descoberta numa invasão domiciliar que resulta na morte de sua esposa Esperanza (Julieta Rosen). Pra piorar a situação, ele é obrigado a ver o rival levar sua filha recém-nascida Elena (Catherine Zeta-Jones) e vai parar na prisão. Vinte anos mais tarde, ele consegue escapar e encontra o jovem ladrão Alejandro Murrieta (Antonio Banderas), a quem adota como pupilo e treina para ser o novo Zorro...
Inicialmente Robert Rodriguez foi contratado para dirigir este filme, mas o estúdio não concordou com o foco que o cineasta queria dar a esta produção. Rodriguez desejava fazer um filme violento, que elevaria a censura do filme e provavelmente descaracterizaria o personagem. Talvez o maior acerto da direção seja a alternância entre as cenas de ação e
dramaticidade com o bom humor, uma mistura eficiente com toques de "Os Caçadores da Arca Perdida" com "A Múmia" de Stephen Sommers. O treinamento de Murrieta e a introdução da gangue são muito engraçados. Um sequência bastante mentirosa e exagerada mas tão bem coreografada que relevamos o exagero é a cena do roubo do cavalo Tornado. Uma coisa não se pode negar, Campbell dirige muito bem as cenas de ação de todos seus filmes e nesse em especifico conta com a ajuda da montagem e edição de Thom Noble. Todos os duelos da fita são excepcionais tanto os de Murrieta, Capitão Love, Don Diego e Don Rafael e até mesmo quando a cena exige uma abordagem mais sensual, no divertido duelo entre Elena e Zorro em que a dupla Banderas e Jones se sai muito bem. Aliás, as acrobacias de Zorro nas lutas e cavalgadas impressionam, assim como a condução enérgica de Campbell e seu montador, que alternam entre planos gerais, closes e até planos subjetivos que nos colocam na posição do herói.
Como citei antes, a parte dramática também é muito bela e emocionante como quando Don Diego segura a filha diante da mira das armas dos guardas exatamente como fizera com sua esposa vinte anos atrás ou na sequência final em que Zorro narra a história para o filho da mesma forma que Don Diego havia feito com Elena e também as cenas de paixão de Banderas e Zeta-Jones. Outra aliada a qualidade do longa é sua fotografia que fico a cargo de Phil Meheux. Nas cenas no deserto de 'El Dorado' e clara e bela e obscura nas cenas da prisão e no esconderijo do Zorro. Trilha sonora de James Horner é leve e despretensiosa, deliciosa por sinal como as castanholas e o sapateado. E se “A Máscara do Zorro” consegue nos ambientar ao tempo e local em que a narrativa se passa, o mérito deve ser dividido com a figurinista Graciela Mazón, responsável pelas roupas típicas das mulheres e pelos uniformes dos homens que se destacam na festa, além é claro do visual clássico do lendário herói que respeita as tradições. Finalmente, basta observar a detalhada decoração da mesa de jantar na mansão de Don Rafael ou a imponente mina em El Dorado, apresentada num impressionante plano geral – para constatar o bom trabalho de direção de arte de Michael Atwell.
Antonio Banderas é um dos meus atores preferidos. Suas atuações não são dignos de Marlon Brando mas seu carisma contorna qualquer limitação. Alejandro Murrieta é carismático e engraçado, criando conexão com a plateia através do plano detalhe de um colar que revela sua ligação emocional com o velho Zorro, o personagem rapidamente conquista a simpatia do espectador, também porque Banderas consegue criar boa empatia com Hopkins e estabelece uma excelente química com Zeta-Jones – algo notável na engraçada conversa entre Elena e Zorro no confessionário e na vibrante dança deles numa festa -, o que é essencial para o sucesso da narrativa. Aliás, a presença impotente e sensual da atriz como Elena também convence desde sua primeira aparição, chamando a atenção sempre que entra em cena – repare, por exemplo, seu olhar hipnotizante no primeiro encontro com Zorro. Hopkins está mais uma vez demais e se o Don Rafael de Stuart Wilson e o Capitão Love de Matt Letscher soam caricatos mas acredito que seus personagens precisavam disso, L.Q. Jones rouba a cena nas poucas vezes que surge com seu Jack “Três Dedos”.
O filme possui seus deslizes é óbvio. Sua duração de mais de duas horas é cansativa e um pouco massante para um filme desse gênero. As caricaturas e os clichês do roteiro incomodam, mas nada que tire o brilho da obra. Martin Campbell trouxe de volta às telonas a história do lendário cavaleiro mascarado com chave de Ouro, e mesmo que a sequência fique aquém, essa película é uma aventura despretensiosa, mas repleta de energia e personagens interessantes, que conta com um bom elenco e ótimas tiradas do roteiro para cumprir seu propósito e, justamente por não se levar muito a sério, nos divertir bastante...
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