Cinco jovens resolvem passar um fim de semana num lugar no meio de uma floresta, e lá começam á ser perturbados por seres de origem sobrenatural que querem matar os garotos á todo custo. Quem nunca assistiu um filme de terror com essa premissa? Pois bem, esse grande clichê teve início em 1981 quando o cineasta Sam Raimi filmou o clássico tA Morte do Demônio (ou The Evil Dead – A Morte do Demônio), lançando aos cinemas um tipo de filme bem específico, com ingredientes insubstituíveis. Exatamente por isso, quem for dessa geração mais recente, nunca tenha visto o longa de 81 e queria se arriscar agora possa não sair totalmente satisfeito: Todos os clichês e situações óbvias dos filmes do gênero que estão sendo lançados nessa década marcam presença:
É claro que em certo momento uma das mocinhas irá sair correndo pelas árvores apenas por ter escutado um barulho estranho, é inevitável que os personagens vão se separar por um motivo idiota e com certeza os protagonistas vão entrar no porão que abriu sozinho apenas para investigar o que tem lá dentro. Porém, mesmo pra mim, que já conheço esses clichês de trás pra frente, The Evil Dead funcionou perfeitamente bem: Pulei de susto pelo menos duas vezes e me vi torcendo para que a menina burra conseguisse se salvar. Além disso, existem momentos dentro do filme que esbanjam originalidade: Em que outro longa metragem você já viu uma mulher sendo estuprada por árvores?
Por outro lado, é péssimo notar como o filme envelheceu mal: Como se não bastasse o sangue que sempre muda de espessura (ora parece água com corante, ora parece molho de tomate), Raimi ainda utiliza massinha de modelar em momentos chave da trama. Além disso, a trilha sonora é insistente, exagerada e completamente inconveniente, a fumaça está presente o tempo todo e a maquiagem usada na criação dos ‘zumbis’ é terrível. O curioso é que o cineasta dá preferência ao gore, ao contrário de mais credibilidade ás tomadas que pesam para o suspense.
E tudo isso acaba causando outro problema: Por ser um filme extremamente datado, The Evil Dead acaba causando um humor involuntário, que embora deixe o longa mais divertido (uma cena em particular me fez dar gargalhadas durante vários minutos) e descontraído, também excluí aquele clima de tensão que diversas vezes faz muita falta. Mas isso é compensado pela excelente direção de Raimi, que desde aquela época já investia nos planos mais bizarros possíveis: Seja torta, de ponta cabeça ou debaixo dos pés do elenco, a câmera quase nunca é usada de forma convencional.
O fato é que por mais tosco que o filme possa ser, ele também é divertidíssimo: Apesar de serem clichês e batidos (como já comentei) os personagens são cativantes e bem incluídos no contexto da história, jamais provocando um ‘quem é esse mesmo?’ que geralmente aparece nos filmes do gênero. E mesmo que seja composto apenas por rostos desconhecidos, The Evil Dead conta com interpretações eficientes, que oscilam entre o contido e o excessivo (como não rir com a zumbi que só sabe rir?). Além disso, a insistência que as assombrações têm de irritar Ash rende boas sequências e diverte o público – como não ir ao delírio ao lembrar que tem mais um personagem possuído naquele cenário?
Mesmo com seus defeitos, The Evil Dead é um dos filmes que fez o que o cinema de horror é hoje – tanto que foi homenageado pelo inédito e fenomenal The Cabin in the Woods -, com sua fórmula simples e relevante. Quando eu escrevi sobre Os Fantasmas se Divertem disse que aquele era um dos filmes que eu gostaria de ver uma refilmagem, já que os efeitos especiais limitados atrapalhavam o desempenho do filme, pois bem aqui o caso não é tão diferente: Os efeitos de baixo orçamento são modestos e bem falsos, mas ver uma refilmagem de The Evil Dead onde os personagens recorrem ao exorcismo ao invés do desmembramento – pois hoje em dia, tudo é o mais politicamente correto possível - seria um verdadeiro pesadelo.
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