"Umas das obras de horror trash mais insanas, perturbadoras e criativas do cinema"
Muito antes de encantar o mundo com a sua adaptação do aracnídeo mais famoso das HQs para as telas do cinema, Sam Raimi nos apresentou esta que é uma das produções de terror mais importantes e emblemáticas de sua geração.
Raimi junto com Bruce Campbell (que estrela a produção também) e um orçamento de apenas US$ 375 mil, somados a muita ousadia e criatividade, realizaram A Morte do Demônio (Evil Dead, 1981), uma das obras de horror mais insanas, violentas e perturbadoras do gênero, conseguindo um impacto próximo ao que O Exorcista (The Exorcist, 1973) alcançou na época de seu lançamento. A estória é bastante simples e se resume a um grupo de cinco jovens que resolvem se instalar em uma cabana no meio da floresta, e que ao descobrirem o Livro dos Mortos e uma estranha gravação de um arqueólogo que se instalou no local no passado, acabam por libertar estranhas forças malignas que tem por objetivo possui-los. A transformação de jovens inocentes em criaturas repugnantes e assassinas nos remete a outro clássico do gênero, A Noite dos Mortos-Vivos (Night of the Living Dead, 1968), no qual a perda de inocência é levada as últimas consequências.
Raimi é famoso por seus ângulos mirabolantes e desconcertantes que dão um aspecto original e extremamente insano à produção, captando momentos de extrema tensão com bastante eficiência. A maquiagem, que apesar do aspecto bastante falso e amador, é de uma ousadia exemplar, sendo repugnante e ideal ao tom que o filme pretende alcançar. Assim como os criativos efeitos especias, muitos em stop motion, que hoje soam bastante datados, mas mostram o talento da equipe envolvida na época, visto o orçamento limitado que tinham para trabalhar (um ótimo exemplo é a cena envolvendo um espelho, sensacional). O som exerce papel fundamental no clima do filme, sendo bastante bizarro e aterrorizante (O Grito fez algo semelhante também). A trilha sonora de John Loduca é bastante exagerada, e acredito que isto não seja um problema neste caso.
O elenco de jovens atores se sai bem também, com destaque para Bruce Campbell, muito carismático, se firmando assim como o protagonista da produção e de toda a trilogia (as sequências mudariam o tom da obra, sendo mais voltas ao humor do que o terror propriamente dito). Betsy Baker também merece elogios por uma das composições mais macabras de um possuído, com suas risadas em um tom infantil bastante perturbador e Ellen Sandweiss como Cheryl, talvez o personagem menos unidimensional da produção, sendo a protagonista da cena mais lembrada pelos fãs, envolvendo uma violação sexual por arbustos.
Na época de seu lançamento o filme causou bastante polêmica, sendo considerado doentio, insano e de extremo mau gosto, com muitos espectadores saindo no meio da projeção. Não foi o sucesso esperado, que só aconteceu com o tempo, quando foi considerado cult e um dos filmes mais relevantes do gênero. Foi homenageado por Robert Rodriguez em A Cabana no Inferno (Cabin of the Woods, 2002) e refilmado em 2013 por Fede Alverez e com Raimi na produção, com uma versão mediana que respeita a essência do material original, ao menos. Alguns apontam o suposto humor involuntário da produção como um fator negativo, sendo que na verdade a obra possui um humor negro genial, que casa perfeitamente com as cenas de horror insanas do filme. A Morte do Demônio é hoje um dos filmes de terror mais importantes da história do cinema, conquistando uma grande legião de fãs ao redor do mundo e favoritismo de muitas personalidades do meio, como Stephen King, seu fã assumido.
Valeu Cristian. Este é um dos meus filmes favoritos de terror. 😉
A única discordância é que o encaixo como comédia, mas no mais concordo com tudo - principalmente que é um filmão!
Clássico e aula de como fazer bons filmes com pouco dinheiro.
Visceral, sujo, doentio, podre...obra-prima!
Fazem os coxinhas cagarem na calça...