Diante de um mercado defasado de filmes do gênero a ORFÃ pode até ser uma surpresa, desde que não se crie enormes expectativas diante do filme, ate porque tudo soa muito familiar e justamente por isso que de certa forma acabamos surpreendidos.
A sinopse não poderia ser mais batida. Uma família americana, Um casal aparentemente comum, com problemas normais, passam uma fase difícil devido a perda de um filho ainda na barriga da mãe e por conta disso resolvem adotar uma criança ( mesmo já tendo um casal de filhos)e é ai que conhecem a pequena Esther, uma menina que inicialmente se mostra doce, meiga, inteligente e ingênua, porém que esconde uma personalidade assustadora e perigosa. Sim, até aqui nada parece inovador. O fato é que o filme consegue se desenvolver de maneira interessante, cheio de reviravoltas bem elaboradas que intrigam o telespectador e isso se dá pela construção dos personagens que é muito bem elaborada, explorando calmamente as suas particularidades e diante disso faz com que que em certos momentos paire duvidas sobre de qual lado estamos.
Com uma fotografia escura que ajuda a dar um tom sombrio, assim como cenários e localizações bem aproveitados o filme consegue não apelar para exageros, com sustos sendo feitos em horas oportunas diante de uma trilha sonora muito bem colocada também.
O elenco sim, é o grande ponto alto da trama e contribui muito para sua qualidade. Vera Farmiga ( Kate) compõe uma mãe atormentada com a perda de seu bebe e problemas devido ao alcoolismo, a atuação da atriz é intensa e sufocante, seja quando ela tenta proteger sua família ou quando tenta convencer o marido dos perigos que se encontram. Peter Sarsgaaard não atinge o brilho de Farmiga mas tem uma atuação ok. As grandes surpresas no entanto é o elenco infantil, a começar pela pequena Aryana Enginner ( Max), a menina convence com a personagem surda e muda com expressões faciais muito bem feitas, misturada com meiguice e amedrontamento. Jimmy Bennett ( Daniel) também tem uma ótima atuação dando vida ao menino assustado e inseguro. Um show a parte é a ate então desconhecida Isabelle Fuhrman ( Esther) acertando a entonação da voz e expressões fortíssimas, gerando momentos tensos e de fato, ela assusta com seu jeito sádico e violento.
O filme é recheado de clichês ( principalmente o da criança sinistra e o fato de ter uma pessoa que sabe de tudo mas ninguém acredita nela) isso fará algumas pessoas não gostarem. Porém apesar da formula bem batida, o que acontece aqui é que parece dar certo e talvez isso se de pelo seu desfecho surpreendente e original, alias, o final é o grande trunfo, ate os mais indiferentes deverão ter uma surpresa, mesmo que esta não seja boa, já que o desfecho diverge muitas opiniões!
Em certos momentos percebemos o diretor Collet Serra manipulando o telespectador com seus movimentos de câmera que nem aos próprios personagens assustam e sim a nos, mas isso parece irrelevante por não ser apelativo, existem diálogos inteligentes e isso nos aprofunda na trama esquecendo de certos comodismos. De fato, existem cenas um tanto quanto absurdas, e o fato do pai não acreditar não só na mulher, mas em fatos que incriminam Esther irrita-nos diversas vezes.
Enfim, é um suspense razoavelmente bom, que mesmo com uma trama batida consegue ainda inovar e surpreender em certos momentos, obviamente com a ajuda de um bom elenco que consegue convencer e dar consistência necessária.
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