Afirmar que Christopher Nolan não é um diretor notável é fechar os olhos para um talento fascinante que desponta com estilo e criatividade a cada nova produção que se envolve. Com os dois capítulos da trilogia do Cavaleiro das Trevas foi provado o tamanho da capacidade do mesmo em desenvolver uma história sensacional de um super-herói sem deixar de lado o realismo e a verossimilhança, muito menos com filmes mais ‘respeitados’ do cineasta, como Amnésia, culminando neste A Origem. Como muitos cinéfilos aqui do Cine Players afirmaram, este exemplar está longe de se mostrar um trabalho nulo, muito menos algo que venha a envergonhar pelo estilo empregado, muito pelo contrário, é entretenimento genuíno, um belíssimo filme de ação que realiza justamente o que propõe, adrenalina, correria e claro o toque de inteligência e requinte do diretor.
A Origem foi tema para muita discussão pela escolha de Nolan em optar em desenvolver os cenários de seus sonhos munidos de características reais, fugindo dos tradicionais modelos oníricos utilizados por vários diretores como Buñuel, que seguiam características surreais e muitas vezes psicodélicas, que conferiam uma atmosfera que não seguia uma linearidade e uma estrutura que conseqüentemente, se mostrava ao final bastante confusa e totalmente aberta a interpretações por parte do público. O que ocorre em A Origem é um espelho de nossa realidade, embora exista elementos fantasiosos, como o poder de fazer quase tudo dentro deste universo, o que retira totalmente a verossimilhança. Acredito que o cinema esteja aberto às duas modalidades distintas de se realizar essas incursões nos sonhos, e ambas trazem perspectivas diferentes, que ao meu ver, só trazem a reflexão e ao debate do que realmente se trata esse fenômeno.
A Origem foi duramente criticado pela sua estrutura considerada caótica, assim como foi dito em passagens de perseguições no último capítulo de Batman, o que desconsidero facilmente. A Origem é de uma grande simplicidade, suas camadas são tão auto-explicativas que não fica difícil para um garoto de 12 acompanhar tudo que se passa na trama sem deixar passar algum fato essencial. Christopher Nolan se utiliza aqui, a cada realização de um ato importante, sua explicação para os fatos, o que facilita e muito o entendimento para exatamente tudo que se passa ali. Essa modalidade de exibir uma cena confusa e em seguida, explicá-la tin tin por tin tin não me agradou muito, o que tira totalmente a oportunidade do telespectador buscar tirar suas próprias conclusões sobre o que acabara de acontecer.
Aliás, o filme não é uma exibição excêntrica de um diretor querendo provar que é inteligente, promovendo suas seqüências mirabolantes, ao contrário, tanto a estrutura do longa quanto as camadas do sonho dentro da trama são fáceis de entender, tendo em vista que no fundo tudo não passa de entretenimento fantasioso, ou respaldado no real como já fora falado anteriormente. O que realmente interessa é que tanto A Origem quanto Nolan se mostram diferenciáveis, isso é óbvio pelas características e estilo que a cada filme se fazem notar com mais facilidade. Diversão é a palavra chave deste filme, e quem o assistiu buscando outras coisas, tentar enxergar em um blockbuster de ação e ficção, a revelação dos segredos do universo, se enganou redondamente, retirando tudo de bom que o exemplar tem a oferecer a cerca de entretenimento.
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