Infelizmente intolerância e preconceito não são exclusividades do cinema nem do passado. A violência ainda se faz presente numa sociedade que enxerga as diferenças de forma deturpada e ignorante. Diferenças não são apenas existentes, mas necessárias, numa sociedade formada por seres humanos, porém a prática difere e muito do modelo ideal. Enquanto isso, observamos as viseiras cegarem o homem e o conservadorismo fazer escola. A Segunda Guerra é um exemplo claro. Se fôssemos inteligentes o suficiente, esta realidade teria sido enterrada junto com Hitler e seus seguidores, mas ainda estamos longe de alcançar a racionalidade.
Enquanto ainda agimos como animais, pessoas são mortas das mais diversas formas, simplesmente por pensarem diferente, agirem diferente ou até mesmo por conta de um coisa chamada melanina. Mas será que somos tão intolerantes e violentos a tal ponto? Quem nos concede a resposta é Tony Kaye, com seu filme A outra história americana (Amercian History X) de 1998. Derek Vinyard, interpretado de forma genial por Edward Norton, é um líder de um grupo neonazista. Motivado por um ódio mortal a imigrantes, Judeus, negros... ele leva uma vida fomentada por intolerância e violência. Certa noite Vinyard assassina dois negros após uma tentativa de roubo e acaba preso por três anos. Na prisão, certas experiências mudam sua forma de pensar e enxergar o mundo, mas seu irmão mais novo, Danny Vinyard (Edward Furlong) acaba trilhando seu antigo caminho. Após ser liberto, Derek terá a missão de impedir que Danny tenha o mesmo destino.
O filme trata de questões fortes e existentes. Aborda sobre violência e intolerância de forma crua e densa. É um verdadeiro retrato de uma sociedade dividida por raça, onde negros e brancos duelam de forma torpe e mesquinha. Na obra observamos como a vida urbana é assustadora e irracional, ao ponto de nos fazer refletir sobre determinadas crenças e atitudes. Uma película essencial e necessária em todos os aspectos. Como disse anteriormente, é uma lástima que esta realidade não seja exclusividade do cinema, mas como trata de fatos verdadeiros e existentes, torna-se importante o debate sobre tais questionamentos.
Com um roteiro excelente - perdoe-me por conta do bordão clichê mas não consigo encontrar outras palavras neste momento - A outra história americana é um verdadeiro "soco no estômago". A direção de Tony Kaye é boa e conta com certos lapsos de genialidade, como por exemplo, na cena da prisão de Derek. A obra também faz referência ao filme A lista de Schindler, quando coloca cenas em preto/branco e coloridas na mesma película. A outra história americana não fecha os olhos diante dos fatos e se mostra de forma importante: soa como uma mensagem que deve ser ouvida e percebida por todos. O filme carrega no nome uma referência aos EUA, mas em tempos de Feliciano poderia ser muito bem A outra história brasileira. Porém apesar de certa descrença, ainda acredito! E desta forma prefiro ficar com a voz de Gil: "A paz invadiu o meu coração. De repente, me encheu de paz, como se o vento de um tufão arrancasse meus pés do chão, onde eu já não me enterro mais..."
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