My Darling Clementine, EUA, 1946. Direção: John Ford. Elenco: Henry Fonda (Wyatt Earp), Linda Darnell (Chihuahua), Victor Mature (Doc Holliday), Cathy Downs (Clementine Carter), Walter Brennan (velho Clanton), Ward Bond (Morgan Earp), Tim Holt (Virgil Earp), John Ireland (Billy Clanton), Grant Withers (Ike Clanton), Jane Darnell (Kate Nelson), Roy Roberts (Mayor), Alan Mowbray (Granville Thorndyke).
Em 1882, depois de ter um de seus três irmãos assassinado, o vaqueiro Wyatt Earp se torna xerife na cidade de Tombstone. Com a ajuda dos outros dois irmãos e de seu amigo John “Doc” Holliday, ele se prepara para enfrentar a família Clanton, da qual pertence o assassino de seu irmão.
Baseado no livro de Stuart N. Lake, com roteiro de Samuel G. Engel e Winston Miller, o famoso tiroteio no “O.K. Corral”, ocorrido em 1881, na região de Tombstone, é, aqui retratado, em forma de aventura romanceada e mítica, pelo grande diretor de westerns, John Ford. Realizado logo após o término da Segunda Guerra Mundial, essa versão do diretor Ford, foca, antes de tudo, os acontecimentos que antecederam o famigerado duelo, que é deixado, aqui, para o final do filme, sem eliminar, é claro, as famosas cenas de ação justificadas pelo ocorrido, conhecidas e aguardadas pelo espectador.
No ótimo elenco, o ponto fraco é o ator Victor Mature. Com seu olhar sonolento e fisionomia inexpressiva, ele faz um Doutor John “Doc” Holliday com a mesma expressão com que fez qualquer um de seus outros personagens durante a vida artística. Todos os seus personagens pareciam o mesmo. É sabido que Doc Holliday era tuberculoso, magro e ostentava um enorme bigode – completamente diferente do ator.
Apesar de não contar com a presença do ator John Wayne, constante parceiro do diretor, mas com a vantagem de ter sido o primeiro filme importante a fazer referência ao famoso tiroteio, este está entre os quatro melhores trabalhos de John Ford. Os outros são: “Stagecoach” (1936), “The Searchers” (1956) e “The Man Who Shot Liberty Valance” (1962).
Outros filmes também fizeram referência ao acontecimento em Tombstone. Os mais importantes foram: “Wichita” (1955), de Jacques Tourneur, com Joel McCrea no papel de Wyatt Earp; “Gunfight at the O.K. Corral” (1957), de John Sturges, com Burt Lancaster (mal caracterizado para o papel de Earp, sem o famoso bigode) e Kirk Douglas vivendo Doc Holliday; “Tombstone” (1993), de George P. Cosmatos, com Kurt Russell (ótimo, no papel de Earp) e Val Kilmer (perfeito como Doc Holliday); e “Wyatt Earp” (1994), de Lawrence Kasdan, com Kevin Costner, como Earp, e Dennis Quaid, fazendo Doc Holliday. Ambos em ótimas caracterizações, com destaque para Quaid, que até emagreceu para o papel.
“My Darling Clementine”, no original, não retrata uma verdade histórica. Conforme dizia Ford: “se o mito é mais interessante do que a realidade, filma-se o mito”. E foi o que ele fez.
A pedido do Chefão da FOX, foram incluídas novas cenas, filmadas por outro diretor, e cortadas outras, à revelia de John Ford, Essa edição utiliza mais closes de rostos, inclui um monólogo de Earp diante do túmulo do irmão, trilha sonora em quase todas as sequências, no lugar dos sons ambientes que Ford preferia, e uma mudança sutil no final. Tais mudanças, apesar de surtir o efeito desejado por Zanuck, são discutíveis. Confira.
O lançamento nacional em DVD duplo, da Fox Home Enterteinment, traz as duas versões do filme. O disco 1 traz a versão oficial e original do cinema, com 96 minutos de duração: aquela que traz as alterações feitas pelo chefão da FOX, Inclui comentários de Scott Wayman e Wyatt Earp III. No disco 2 está a versão com o corte original do diretor, com seis minutos a mais de duração, e foi descoberta em 1973, nos arquivos da Universidade da Califórnia. Inclui o documentário “O Que é a Versão Pré-lançamento?”, trailer de cinema e galeria de fotos. Ambas as versões trazem a imagem fullscreen (original da época) e áudio 2.0, em ótima restauração.
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