“Você não pode escolher quem você ama.”
A Razão do Meu Afeto é um filme que lembra aquela pessoa apaixonada que luta contra o próprio sentimento a todo custo, desejando não sentir mais algo que, no fim, pode apenas machucá-la. Assim, a produção de Nicholas Hytner, baseada no livro de mesmo nome de Stephen McCauley, luta constantemente para encontrar um final feliz para todos os seus personagens, recorrendo a intervenções puramente arbitrárias de seu roteiro, escrito por Wendy Wasserstein, para atingir seu objetivo sem perceber que é justamente isso que reduz a força da narrativa que em seus melhores momentos é uma eficiente e bem resolvida dramédia sobre as imprevisibilidades do amor.
Nina (a sempre graciosa Jennifer Aniston) é uma assistente social que vive um relacionamento complicado com Vince (John Pankow), um advogado que ela sabe não ser o ideal para ela – tanto que ela evita a todo custo que morem juntos. George (Paul Rudd) é um professor do primário que após ser deixado pelo namorado vai morar em um quarto vago no apartamento de Nina. Quando a garota descobre estar grávida do namorado e percebe que prefere a companhia do rapaz ao pai de seu filho, ela decide fazer uma proposta a George: os dois criarem a criança juntos, como um casal, mas sem sexo. E é aí que as coisas começam a complicar, quando ambos descobrem que a frase que abre esse texto, dita por Nina a certa altura, é verdade.
Como um ato totalmente emocional – ou quase, afinal, existe uma pequena (bem pequena) racionalidade em se apaixonar por alguém -, se apaixonar é algo que não pode ser controlado por quem ama e por quem é objeto desse amor, o que acaba criando também uma variação para aquela frase, algo como “você não pode escolher quem ama você”. Assim, não apenas os protagonistas, mas diversos outros personagens que habitam A Razão do Meu Afeto precisam conviver com suas dores por não poderem simplesmente deixar de amar alguém e nem fazer esse alguém retribuir o sentimento nutrido. Nina a certa altura fala para George que “quer que ele fique com ela, que ele case com ela, que ele a ame como ela o ama” e é inegável que, se pudesse, o personagem de Rudd escolheria retribuir o sentimento da amiga e viver ao lado dela. Mas ele não pode simplesmente escolher e ao se interessar pelo ator Paul (Amo Gulinello), ele percebe que a personagem de Aniston não merece ter alguém parcialmente ao seu lado – algo que a própria garota também não tarda a perceber.
O que é uma pena, claro. Afinal, os amigos se dão extremamente bem e durante um bom tempo a relação deles funciona, mostrando ser possível uma relação baseada apenas em amizade – e é interessante como o filme busca retratar isso não apenas através de uma relação entre homem e mulher, mas também através de dois homens, Paul e o crítico Rodney (Nigel Hawthorne) -, ao menos até o amor chegar por apenas uma via e ferrar com tudo. Dito isso, o melhor do filme é inegavelmente acompanhar a aproximação e o estreitamento do laço entre George e Nina. As cenas são embaladas com tanta ternura e doçura, reforçadas pelo carisma gigantesco e realismo de Aniston (de longe o melhor nome da excepcional série FRIENDS, que na época estava em seu auge na televisão americana) e Rudd (um ator, infelizmente, terrivelmente subestimado, capaz de injetar verdade e sensibilidade em qualquer papel), resultando em ótimos momentos, como quando McCauley filma a aproximação dos seus personagens através de uma série de raccords que através da afinidade adquirida em um curso de dança revela o amadurecimento da relação e, claro, o doloroso diálogo que os personagens travam em um hospital, quando o filme traz todos os conflitos de sua temática para uma conversa verdadeira e que não se preocupa em sugerir um mundo de decepções a serem encaradas por seus personagens em seu futuro.
Mas aí chegam os minutos finais do filme e o roteiro tira da cartola uma cacetada de resoluções pífias e as joga de qualquer jeito na história, criando um final feliz que de tão artificial deixa um gosto amargo no paladar do espectador. O que é uma pena, por que enquanto se preocupava apenas com os sentimentos de seus personagens, A Razão do Meu Afeto era um filme interessante, mas ao julgar que somos incapazes de encarar uma pitada de infelicidade na trajetória deles e suavizar as coisas, o filme sabota a si mesmo.
KKKKKKKKKKKKKKKKKKK
Rindo alto aqui com seu post Cristian...
Pô, Cristian.
Já tô começando a achar que escrevo mais do que realmente escrevo com teus elogios 😎😁😳
Valeu, mesmo!
Mana eu duvido tu achar o download desse filme em AVI ou MP4 com legenda pra mim!
Eu adoro ele, um dos melhores que vi com a Jennifer Aniston. Quero muito rever!
recomendo o site cinemacultura.com. vem torrent + legenda