Nesta última década, o cinema vem sendo "massacrado" por comédias absolutamente sem graça, a maioria paródia de outros filmes, que arrastam milhares para perderem seu tempo e dinheiro nas grandes salas. Entretanto, em 2007, um ótimo filme, cheio de potencial e com um roteiro inteligente, acabou saindo direto em DVD: "A Vida é Dura: a história de Dewey Cox".
O filme conta a vida de Dewey Cox, de sua infância problemática até se tornar um astro de Rock. Desde a morte do irmão, em uma circunstância absolutamente inusitada,acompanhamos Cox cantando na escola primária, se casando, tendo vários filhos com sua primeira esposa, usando drogas, orgias, até o seu declínio e reviravolta. Em geral, todos os elementos que companham a vida de um super-star. Esta é a grande sacada de "A Vida é Dura": ele é, em si, uma brincadeira com todas estas figuras da músicas que vemos por aí.
Há muitas ironias e referências no filme. Dos astros de rock problemáticos e de vida conturbada, aos empresários extravagantes (no filme, judeus!), à televisão (que adora colocar "fichinhas carimbadas" no ar mesmo em programas de baixíssima qualidade), e ao próprio cinema. Nos últimos anos, várias cinebiografias vêm sendo lançadas e atingindo um grande sucesso, vide "Ray" e "Piaf - um hino ao amor". É bom prestar atenção também nas "participações" de Elvis Presley em um show e dos Beatles num templo de meditação na Índia (!)
O grande trunfo desta comédia é tratar tudo isto com muito humor. Muitas piadas são absolutamente desnecessárias, mas a maioria delas funciona. Muito disso se deve ao talento que John C.Reilly impinge ao seu personagem. O ator já vinha demonstrando competência em filmes como "O Aviador" e "Chicago" (por este recebeu uma indicação ao Oscar de melhor ator ator coadjuvante). Em "A Vida é Dura", Reilly está muito divertido no papel de Cox, interpretando o artista desde os 14 anos (!) até os 71. O elenco de apoio também ajuda bastante, mas é praticamente ofuscado pela atuação do ator principal, que recebeu uma indicação ao Globo de Ouro de melhor ator em Comedia/Musical por seu desempenho.
Também merecem destaque os números musicais. São todos muito bem conduzidos pelo diretor Jake Kasdan. Alguns são no mínimo hilários, como a campanha que Cox promoveu para defender os anões, sátira aos movimentos criados por grandes artistas como Michael Jackson e uma das grandes sacadas do roteiro do próprio Kasdan e de Judd Apatow. O ator John C.Reilly solta a voz, e se sai muito bem em todas as canções, especialmente "Walk Hard", que dá título ao filme.
Enfim, um ótimo filme, uma brincadeira com os clichês da música e de Hollywood. Uma pena que filmes como esse não sejam muito valorizados pelas distribuidoras do Brasil e acabem saindo direto em vídeo, enquanto produções de qualidade muito duvidosa acabam indo parar nas salas de cinema.
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