Abutres (Carancho). A máfia das indenizações por acidentes no trânsito.
Antes de ver o filme, lendo uma sinopse, ela me fez lembrar do filme “The Rainmaker”. Se seria um tipo de versão argentina para o filme de Coppola. Mas após assistir “Carancho“, me peguei foi a pensar na herança das Ditaduras e Populismos em solos Latinos. Enfim, “Carancho” trata-se de um filme denúncia, mas quem fará a investigação será o público que o assiste. Não há manipulação. Assim fica a sugestão para que fique atento. Até porque o filme passa por momentos letárgicos. Talvez numa de mostrar que a espera é longa para esses caranchos. Como são conhecidos os que saem à caça dos desassistidos; daqueles que qualquer dinheiro será necessário no orçamento familiar. Eles são a ponta dessa teia. Advogados à mercê dessa indústria; dessa máfia pelas indenizações dos acidentes de trânsito. E creio estarem presentes também em outros países, não apenas em solo argentino.
Antes de entrar na estória do filme, quero falar sobre os acidentes no trânsito. De o quanto deles podem ser considerados obras do acaso. Creio que uma grande parcela vem por imprudência de motoristas e pedestres. Falta de atenção, mesmo. Uma outra também significativa parcela, seria por se sentirem os donos das estradas. Um outro ponto a refletir, seria com o carro em si. Não sei se quanto mais moderno o carro, mais alta velocidade atinge, levando a lataria parecer papel amassado após um violento choque. Ou se as fábricas só pensam mesmo na tecnologia dos acessórios. Num resumo: carro também mata. Ou aleja uma pessoa para o resto da vida. Que levem isso em consideração quando guiarem um carro.
Ficamos conhecendo toda essa podridão por um casal. Mas em detalhes a partir do momento que se conhecem.
Ele é Sosa (Ricardo Darín), um advogado que tenta recuperar o seu registro. O que nos leva a crê em quem mais estaria no topo do esquema. Afinal, com que Órgão (Instituição) isso só seria possível? Ele seria um inocente útil em toda essa trama? Por serem os que diretamente se aproveitam desse sangue, recebem a alcunha de Carancho. Uma ave de rapina, que no Brasil é conhecida por Carcará. Lembram da música? “Carcará, quando vê roça queimada / Sai voando, cantando, / Carcará, Vai fazer sua caçada“.
Ela é Lujan (Martina Gusman), uma jovem médica que para engrossar seu salário trabalha muito. Dando plantões em Emergências e nos atendimentos por Ambulâncias, além do atendimento ambulatorial. Sem tempo até para dormir, só irá perceber as outras pontas do esquema após conhecer Sosa. A princípio, só vendo ele como o único aproveitador. Depois, até tendo que fechar os olhos ante tudo.
Juntos, tentarão minar a grande teia. Mesmo gostando muito do ator, Ricardo Darín, minha torcida foi para a personagem Lujan. Que pudesse sair de toda aquela sujeirada.
Gostei também do final do filme. Dando Parabéns ao Diretor. Ele se ateve em mostrar os fatos. As conclusões, serão de quem assiste. A solução, se faz necessária uma tomada de decisão por parte do governo. Até lá, o esquema continua existindo, numa de: “Rei morto, rei posto“. Vou querer rever o filme. Que é muito bom!
Por: Valéria Miguez (LELLA).
O tema abordado é interessante, porém só gostei do desfecho da trama que é bem construída.