“No espaço, ninguém pode ouvir você gritar.”
Dois anos após sua estreia com “Os Duelistas”, pelo qual foi indicado a Palma de Ouro em Cannes, o diretor britânico Ridley Scott fazia sua estreia no cinema americano, com um dos maiores clássicos da ficção e com uma mudança radical de gênero. O que virou uma constante em sua carreira, sendo um dos mais ecléticos em atividade.
Fugindo do estilo das populares sagas Star Wars e Star Trek, os roteiristas Dan O’Bannon & Ronald Shusett escreveram um misto de ficção e horror, de forma original e bastante criativa. Até as filmagens muita coisa foi alterada no roteiro pelos produtores Walter Hill & David Giler, que por incrível que pareça conseguiram contribuir de forma positiva, principalmente pela adição de um dos personagens mais interessantes do filme. Outra mudança importante e significativa foi do título que originalmente seria “Star Beast”, mas O’Bannon não gostou e acabou alterando para “Alien”, devido a quantidade de vezes que a palavra aparecia no roteiro. A dupla O’Bannon & Shusett merecidamente levaram os créditos, pelo segundo roteiro de ambos e um dos melhores roteiros de ficção.
Para a direção vários nomes foram mencionados, desde O’Bannon que pensou que iria filmar seu roteiro ao produtor Walter Hill, que era o preferido do estúdio. Mas com a desistência de Hill, surgiram nomes como de Peter Yates e Robert Audrich, mas graças ao seu longa-metragem de estreia, que os produtores viram e gostaram, que surgiu o convite e a oportunidade de Ridley Scott entrar de vez no cinema americano.
Com o convite aceito, Scott fez storyboards detalhados do filme todo, com isso fazendo o estúdio aumentar o orçamento do filme.
Tom Skerrit (Dallas) foi convidado desde o ínicio do projeto, tendo recusado o convite pela indefinição de diretor e pelo baixo orçamento, mas com a chegada de Scott, sua decisão foi outra. Apesar de seu nome ser o primeiro nos créditos, foi a novata Sigourney Weaver (Ripley) em seu terceiro longa de cinema, quem roubou cenas e destacou-se.
Outros destaques do elenco são o extraordinário Ian Holm (Ash), Veronica Cartwright (Lambert) que com apenas 30 anos e mais de 20 anos de carreira, foi uma das melhores atuações do filme, junto com John Hurt (Kane) que foi a primeira opção de Scott, mas devido a outros compromissos quase não participou de Alien, em seu lugar entrou Jon Finch que por problemas de saúde, foi obrigado a abandonar o projeto. Com sua saída, Hurt pode voltar para o que seria um dos melhores papéis de sua carreira e com uma das cenas mais famosas do cinema. O filme ainda tem as presenças marcantes de Yapet Kotto (Parker) e Harry Dean Stanton (Brett).
Foi O’Bannon que supervisionou o conceito de arte do filme e foi quem apresentou para Scott, os trabalhos do artista plástico H.R. Giger e a partir daí com o entusiasmo de quem encontrou o que estava procurando, Scott tratou de que o artista fosse contratado e ficasse com a função de criar todo o conceito visual do Alien, desde os ovos da criatura ao planeta e a nave. Giger cumpriu sua função com maestria, fazendo sua estreia no cinema de forma fantástica e excepcional.
Outros artistas como Ron Cobb & Chris Foss ficaram com o outro lado visual do filme, como a espaçonave Nostromo e os trajes dos tripulantes. Dando um visual moderno e ao mesmo tempo realista, tanto para a espaçonave quanto para os trajes.
Fazendo parte deste time também, o designer gráfico Saul Bass quem fez os créditos de abertura, mas lamentavelmente não foi creditado.
O time de diretores de arte (Michael Seymour, Leslie Dilley, Roger Christian & Ian Whittaker) e o figurinista John Mollo, com certeza fizeram um grande trabalho em conjuto com os artistas conceituais.
A maquiagem de Pat Hay é muito bem feita e os efeitos especiais foram muito bem empregados e criativos, pelo grande time (H.R. Giger, Carlo Rambaldi, Brian Johnson, Nick Allder & Dennis Ayling). Outro destaque fica por conta da estreia do diretor de fotografia Derek Vanlint, com um excelente trabalho, seguindo a estética do filme, com visual predominantemente sombrio.
A edição do filme ficou a cargo da dupla Terry Rawlings & Peter Weatherley, que fizeram um ótimo trabalho, com cortes precisos e dinâmicos.
O trio Derrick Leather, Jim Shields & Bill Rowe, fizeram um excelente trabalho com o som e efeitos sonoros, combinando perfeitamente com a atmosfera sombria do filme.
O grande maestro Jerry Goldsmith fez um trabalho memorável, mas infelizmente parte da trilha composta para Alien, foi ignorada por Scott. Mas mesmo assim permanece como uma das grandes composições de Smith.
O filme ganhou merecidamente o Oscar de Efeitos Visuais e foi indicado para Direção de Arte.
Com orçamento de 11 milhões de dólares e mais de 100 milhões de bilheteria no mundo, o sucesso acabou resultando numa franquia, que ainda gera muito lucro para o estúdio.
O filme permanece, como um dos grandes clássicos do gênero e um exemplo da criatividade e versatilidade do diretor Ridley Scott, que ao longo dos mais de 30 anos de seu 2º longa-metragem não dá sinais de que vai se aposentar.
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