Assistir a esta mega Obra-Prima da música clássica é simplesmente ter uma das melhores experiências que um cinéfilo possa querer.
Quando falamos que certo filme se trata sobre Música Clássica, logo vem ao pensamento, um filme tedioso, ou chato. Ainda mais quando tal filme tem 160 minutos. Preconceito que fez muita gente quebrar a cara. E confesso que demorei para assistir essa incrível Obra de Arte, por achar que se tratava da vida de uma pessoa na qual eu não sabia nada, e que eu deveria conhecê-lo antes de me aventurar em assistir sua biografia. Mas não sei o que me deu, quando senti uma grande vontade de assisti-lo. E eis que tenho uma das maiores surpresas que tive ultimamente. O filme me conquistou logo na primeira gargalhada.
E Amadeus é um filme que pode ser assistido por qualquer um. Tanto por um fanático por música clássica, quanto por um adorador de Heavy Metal. O filme tem uma simpatia e um senso de humor único, que contribui para todo o envolvimento com o espectador, mesmo conhecendo ou não as obras de Mozart. Adaptado por Peter Shaffer a partir de sua própria peça, o filme contrapõe, de uma forma fictícia, a busca inalcançável de Antonio Salieri, o invejoso rival do compositor austríaco Wolfgang Amadeus Mozart, pelo reconhecimento musical. Além de expor as relações humanas, a ambiguidade do homem, sua capacidade de ter admiração e inveja ao mesmo tempo, Amadeus retrata o amor de ambos pela música.
“Eu matei Mozart. Eu matei Mozart”
Assim como abre a primeira cena do filme, Antonie Salieri é conhecido por recitar tal frase, mas que ao certo, ninguém pode comprovar. E após uma tentativa de suicídio, o personagem é levado à um asilo, onde recebe a visita de um Padre. Depois de relutar, Salieri começa então sua “confissão” ao Padre e o espectador é levado à cada momento presenciado por ele. Questionando à Deus, Salieri se perguntava como um talento musical primoroso foi dado a um jovem brincalhão, obsceno, risonho e sem modos como Mozart. O ódio começa a se manifestar e toda a admiração se transforma em inveja. Por que Deus abençoou Mozart com um dom que era pra ser meu? Um dom que eu saberia usar melhor, para glorificar o Senhor? a humildade já não estava mais com Salieri e este começa a destruir todos os caminhos pelo qual mozart andava.
O Filme mostra a paixão pela música de uma forma única e fascinante. É de conquistar qualquer um. Como eu disse, o filme debate sobre vários assuntos, mas sem deixar de lado o principal, a música. Começamos sem ao menos saber quem é Mozart e terminamos querendo ouvir todas as sua sinfonias. E relatando sobre o amor dos dois personagens, tanto Mozart quanto Salieri, e como a música fazia parte da vida de todos. Todos adoravam a música. E não era preciso uma palavra sequer para demonstrar isso, graças a incrível direção de Milos Forman, que dava vida à música através dos personagens, sem esquecer nenhum dos lados. Ao escrever as músicas, por exemplo, o som impetuoso da melodia rondava a mente de Mozart, que a imaginava, antes mesmo de tocá-la.
Milos Forman mostra uma competência rara, ao criar uma cinebiografia de um dos maiores gênios da história da música, de forma fictícia. Claro que Salieri não foi aquele cínico e não é a inveja em pessoa. E muito menos o “Pai da Mediocridade.” Trazer toda essa história para dentro da vida de Mozart afim de expor o seu amor à música e sua trajetória, foi coisa de gênio.
Seria um grande abuso escrever sobre Amadeus e não mencionar as interpretações antológicas de F. Murray Abraham (Salieri) e Tom Hulce (Mozart) ambos indicados ao Oscar, sendo que o premiado foi Murray, que construiu um dos maiores vilões da história do cinema. Não existe palavras pra descrever o quão perfeita é sua cara de cínico, de invejoso e ao mesmo tempo a sua cara de pena. Destaque para as cenas da confissão. Ele a faz com tanta força de expressão, com tanta sinceridade, que dá ao seu personagem uma caracterização única. Tom Hulce é digno dos mesmos elogios. É a simpatia do filme. Aquela risada não me saia da cabeça (não sei se foi apenas uma caracterização do personagem ou se mozart realmente ria daquele jeito). As expressões de paz de felicidade ao compor ou ao tocar alguma música, expressa exatamente a paixão de um músico pela música.
“Perfeita” seria uma palavra muito simplória para resumir a grandiosidade desta Obra-Prima que venceu 8 Oscar e mais de 30 prêmios internacionais. Incrivelmente tudo funciona neste filme. Até mesmo quem mais odeia música clássica, deve concordar com isso. Milos Forman cria uma obra onde tudo se destaca e não sobra nada pra ser esquecido, desde a Trilha Sonora aos figurinos e ambientação da época, tudo, tudo, tudo deixa o espectador vidrado. A cena onde no leito Mozart compõe junto com Salieri o Réquiem, já é clássica e única. A inveja sendo vencida pelo amor à música.
Filmaço!!!