"Amor à Queima Roupa" poderia até enganar no seu título original, "True Romance", um romance verdadeiro poderia até parecer aos ouvidos de quem ouvisse mais um filme de cómedia romântica ou drama, mas dois nomes na capa vão nos indicar que não se trata disso. São esses nomes o veterano da ação Tony Scott, e Quentin Tarantino. A partir da consideração desses dois nome sim pode-se ter em mente algo que se pareça com "Amor à Queima Roupa".
O filme conta a história de Clarence Worley, um empregado de uma loja de quadrinhos, fã de Elvis e sem sorte no amor, que conhece e se apaixona por Alabama Whitman, uma acompanhante, como ela se define. Alabama deveria ser o "presente" do chefe de Clarence para ele, mas acontece que os dois se apaixonam de verdade, e rapidamente se casam. Então, Clarence, convencido pela surrealista figura de Elvis, fruto de sua imaginação, decide matar o cafetão de Alabama e fugir com ela. Só que, como é típico nos filmes de Tarantino, alguma coisa dá errado. No caso, Clarence e Alabama acabam ficando sem querer com uma mala lotada de cocaína, o que origina uma fuga desenfreada pelos EUA para fugir dos verdadeiros donos da droga.
Aqueles que já assistiram algum filme de Tarantino vão notar que este tem todos os elementos de um. Temos o dialogo de abertura meio desconexo, uma boa dose de cultura pop, cenas grandiosas de dialogos, tiroteios, muito sangue, e até mesmo teorias malucas. Sendo assim, "Amor à Queima Roupa" poderia ter sido um filme grandioso, que seria tão imortalizado como outras obras do diretor. Por que não foi? Bom, ai está o problema, faltou o principal para esse filme, o próprio Tarantino na direção. Não que o filme não seja divertido, muito pelo contrário, é muito divertido, mas Scott não conseguiu dar a profundidade nele que o seu autor original talvez tivesse dado.
Um exemplo disso é a cena com Christopher Walken e Dennis Hopper em que é exibida a grande teoria, engraçada e ofensiva (talvez a mais ofensiva de Quentin). É uma cena tipicamente Tarantinesca, vinte minutos de dialogo que nos prende a cada palavra, que nos deixa tenso a espera do fim explosivo. A cena é ótima, a melhor do filme talvez, mas não tem tanto impacto como as de obras filmadas pelo próprio Tarantino.
Outro ponto é que as cenas de ação nesse filme são frenéticas, e a câmera ajuda muito nisso, se tornando mais movimentada nessas cenas. Como todo Tarantino, elas são mais cruas e violentas, e isso as torna tão boas. Existe uma cena com Patricia Arquette que é fabulosa em sua extensão. Essas cenas que tornam o filme tão divertido, apesar de Scott as vezes as deixar um pouco confusas (a cena da Boate, um exemplo), ainda sim são ótimas.
E para maior deleite, o filme tem o humor negro e sarcastico do resto da filmografia de Tarantino, e um elenco estrelado que o brindou com boas atuações, e algumas ótimas. Temos Christian Slater e Patricia Arquette como o explosivo casal principal, temos Val Kilmer interpretando a presença surreal de Elvis, Dennis Hopper como o pai de Clarence, Christopher Walken como o braço direito do traficante que persegue o casal, Gary Oldman mostrando todo seu talento para papeis inusitados como o nojeto cafetão Drexl, Brad Pitt no seu papel mais inútil porém divertido e o futuro parceiro de Tarantino, Samuel L.Jackson. Ufa, quanta gente.
Concluindo, esse filme é a reunião de Tony Scott com um elenco estrelado para filmar mais um genial roteiro de Quentin Tarantino. O filme só não se torna maior porque Scott não conseguiu ter o talento do autor original do texto, o que fez o filme não conseguir status de obra-prima, mas ainda sim sendo um dos melhores do diretor, ou talvez até mesmo o melhor. "Amor à Queima Roupa" é um filme divertidissmo, com cenas genias e um ótimo roteiro, vale muito a pena ser assistido, para fãs de Scott e de Tarantino, talvez um pouco mais desse último, apesar de não acrescentar nada de novo, ainda sim consegue cativar.
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