Vindo de uma família do ramo cinematográfico, Jason Reitman (filho do diretor Ivan Reitman, responsável por clássicos como Os Caça-Fantasmas, e que recentemente lançou uma comédia romântica com Natalie Portman, Sexo sem Compromisso) teve uma estréia notória em 2005. Seu primeiro filme, Obrigado por Fumar, recebeu indicações ao Globo de Ouro e seu roteiro foi indicado ao Sindicato dos roteiristas. Mas foi em 2007 que o diretor atraiu olhos de críticos no mundo inteiro com sua comédia-drama sobre uma adolescente com uma visão inusitada da gravidez, Juno. Em uma entrevista, Reitman disse que Juno mudou sua vida, e que alcançou uma rara liberdade, levando em conta que só tinha 2 filmes no currículo. Com orçamento de 7 milhões de dólares, o filme arrecadou mais de 230 em todo o mundo e recebeu mais de 90 indicações aos prêmios internacionais incluindo sua primeira indicação ao Oscar de Melhor Diretor. De fato, Juno é o melhor de Reitman até o momento.
Pois bem, Amor sem Escalas veio para alicerçar seu reconhecimento no cinema. No início da temporada, era conhecido como o papa-prêmios do ano. Era de se esperar, afinal o filme tem toda a roupagem de “caça-prêmios”. Crise financeira, Desemprego, Estrutura Familiar, e um personagem que aborda sobre as necessidade de uma vida estabilizada com família e casa fixa. Amor sem Escalas é incluído então, na lista de filme com personagens pouco óbvios, que tem idéias contrárias às da maioria das pessoas. Nos seus 3 filmes percebemos essas semelhanças entre seus personagens.
Despedir pessoas é o trabalho de Ryan Bingham (George Clooney), mas seu emprego é posto em risco quando Natalie Keener, a nova contratada de sua agência, desenvolve um sistema de videoconferência onde as pessoas poderão ser demitidas sem que seja necessário deixar o escritório. Ryan e Natalie viajam juntos afim de provar a seriedade de seu trabalho, consolando e levantando o astral da pessoa despedida. Viagens vai, viagens vem, Ryan conhece Alex Goran (Vera Farmiga, Charmosíssima), em um dos aeroportos e iniciam um estranho relacionamento liberal.
Talvez o maior problema do filme, foi ficar perdido entre a trama e subtrama. O momento do primeiro encontro é rápido demais, e num estalar de dedos os dois já estão na cama. Depois disso, só ouvimos falar novamente de Alex, quando Ryan inicia a viagem com Natalie. Assim sendo, não fica definido a que ponto o diretor quer chegar, se sua história sobre a crise financeira é a metáfora empregada no filme ou se a relação amorosa dos dois é a metáfora para a crise econômica.
Repleto de bons momentos, o filme mais acerta do que peca, detalhes bobos como os diálogos que poderiam ser tão charmoso e atraente quanto ao charme que mostram os personagens, principalmente Alex, numa atuação ótima de Farmiga, que esbanja charme e sensualidade, ou evitar que alguns diálogos soassem pretensiosos como a conversa de Natalie e Ryan na ponte, onde eles tem uma discussão. Mas como eu disse, o filme possui momentos inspirados, tornando-o um filme gostoso de acompanhar, divertido até, e dirigido com uma sinceridade admirável. Reitman e seu melhor trabalho de direção, mostra total condução de atores, tem uma direção que se esquiva do óbvio, abrindo espaço pra uma direção diversificada. Um simples plano com cortes abruptos, no momento em que o personagem está fazendo as malas, em poucos segundos a câmera foca a direita, a esquerda, o fechar da mala, um ângulo sob cabeça, de costas e de frente, fazem a diferença. Notável também foi a forma como o diretor nos apresenta cada cidade pela qual o personagem esta visitando. (e olha que foram muitas) Pegando a cidade de cima, como se estivesse nos mostrando um mapa.
Amor sem Escalas pode ser visto como uma pretensão sem tamanho de Reitman, mas é um filme vívido, com personagens cheios de significados e metáforas. O ponto-chave do filme é sem dúvidas o corajoso e digno desfecho . Claro que a platéia torcia por um final mais óbvio, e talvez se assim fosse, o filme não teria algo que o diferenciasse dos demais romances. Ali, Reitman levanta a grande questão do filme. Cada um vive como quer, mas será que é fácil viver sem família? Olhar a sua volta e ver seus irmãos se casando, construindo uma família, e você viajando praticamente o ano inteiro sem ao menos ter uma casa fixa? Talvez é o seu trabalho que o deixa mais feliz, talvez são sua viagens à trabalho que te faz aproveitar a vida ou talvez você estará mais feliz sem ter um relacionamento instável. Mas será mesmo?
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