Cara, o que acontece com as empresas nacionais que traduzem os títulos das películas estrangeiras? Pra mim não faz nenhum sentido "Up in the Air" virar AMOR SEM ESCALAS!!! Puta merda cara, mas vá lá, vamos ao filme...
Bingham é daqueles solitários por opção. O trabalho faz com que percorra o país inúmeras vezes, mais permanecendo em aeroportos e hotéis do que em sua própria casa. Não há problema, ele gosta disto. Fincar raízes é seu grande temor. Uma consequência direta do duro emprego que possui, o de avisar as pessoas que estão demitidas. Toda a raiva, frustração e peso emocional decorrentes são despejados em seu colo. Bingham sempre tenta reverter a situação de forma a mostrar que esta é uma oportunidade que se abre. Mera estratégia de trabalho, claro, mas por ele conduzida de forma a "tornar o limbo tolerável", como o próprio afirma...
Jason Reitman que hoje tem apenas 36 anos, é diretor dos excelentes "Obrigado por Fumar" e "Juno" e do mediano "Jovens Adultos", ainda não conferi seu mais novo trabalho "Refém da Paixão" mostra o seu maior apreço e preocupação até aqui: O roteiro... Em todas as suas histórias Reitman se preoucupa em desenvolver o tema analisando-o com o mundo que o cerca, as relações de cada individuo com as situações que envola qualquer tipo de pessoa e relacionamentos, independente de amorosos, familiares ou com um ou outro transeunte...
O atual cenário financeiro realmente deixa o filme bastante atualizado, mas ela é apenas pano de fundo para algo completamente atemporal: o comportamento humano. Depois de anos fazendo este trabalho, Bingham desenvolveu técnicas eficientes. Em sua mente já há um roteiro do que fazer em cada situação com respostas prontas e bem ensaiadas. Tudo para tornar o processo o mais humano possível, mostrando ao recém-desempregado que ele pode aproveitar aquele momento triste e tirar proveito para mudar sua vida, recomeçar. A cara de cachorro abandonado que Clooney faz ao levantar suas sobrancelhas e a sua voz sussurrada são ideais para o papel (e para manter as mulheres apaixonadas por ele).
Mesmo que esteja convicto de sua "solidão opcional" Bingham encontra duas mulheres que irão mudar sua vida. Quem vem primeiro é Alex (Vera Farmiga), uma versão de saias do próprio Bingham, que passa mais tempo viajando do que na sua casa, em Chicago. Igualmente sem comprometimentos, os dois abrem seus notebooks e começam a agendar encontros entre voos e trocar mensagens pelos seus blackberries. A outra é Natalie (Anna Kendrick), uma jovem recém-saída da faculdade que chega para implementar um sistema que possibilita demitir as pessoas usando videoconferência, um toque ainda mais impessoal ao processo.
"Amor Sem Escalas" é um filme sobre a solidão. Sobre ser solitário por opção, sobre saber lidar com o estar sozinho, sobre as dificuldades de relacionamento nos dias atuais, sobre o impacto emocional que imprevistos provocam, sobre o que esperar da vida, sobre não conseguir suportar a vida em casal e ao mesmo tempo sentir falta de algo por estar sozinho. Ou seja, sobre viver...
Adorei o texto, Lucas! Direto ao ponto, comentando o que o filme representou pra você em termos de experiência.
Também gosto bastante do filme, embora acho que Jason Reitman venha decaindo em qualidade no seu cinema.
Realmente Patrick, os dois últimos filme do Reitman teve um retrocesso mesmo, espero que ele volte a melhor forma, de qualquer forma obrigado pelo elogio...