Contando com uma bela produção, Ano Um além de ser divertido é um colírio para os olhos, onde o diretor Ramis leva seu público a embarcar em uma viagem maluca ao lado de Jack Black e Michael Cera pelos grandes fatos históricos e bíblicos, tudo de uma forma hilariante e extremamente cativante. Ambos protagonistas estão perfeitos e em sintonia na trama, não há espaços para perca de tempo, os dois arrasam e entregam um filme recheado de bons momentos e situações incrivelmente agonizantes. A história não é coerente e muito menos tenta seguir por este caminho, deixando nas mãos dos astros a tarefa de manter o público ligado no que acontece em tela.
Black é fantástico, e na minha opinião um dos maiores comediantes de Hollywood. Após Carrey reinar nos anos 90, será que finalmente chegou a vez de Black? Na verdade só o tempo dirá, mas que ele vem se aperfeiçoando a cada filme isso sim, sem contar que outros grandes atores deste gênero também arrasam com suas produções, como Stiller por exemplo, que apesar de derrapar em alguns filmes, ainda mantém um alto carisma entre o público. As caretas de Black não são tão forçadas como as de Carrey, mas sim são suaves e contidas, onde é justamente essa a intenção, arrancando facilmente risadas do público.
Em Ano Um, a parceria de Black com Cera não poderia ter sido melhor, tendo em vista que um possui o objetivo de ser mais extrovertido e completamente insano, enquanto o outro é dono de pelo menos um pingo de inteligência e detém o semblante de pasmo e assustado. A sintonia dos astros é tão grande que com apenas alguns instantes de filmes, já se cria uma empatia forte dos mesmos. O filme é claramente voltado para Black, deixando Cera como complementar, o que não é equivocado já que após as loucuras de Black a câmera se volta para a expressão super engraçada e incrédula de Cera, deixando o público aos delírios.
A história sem pé nem cabeça se encaixa perfeitamente com o clima maluco entre os personagens e como as coisas se desenrolam. Não espere ter uma trama que siga por um caminho linear e que dê explicações lógicas para um fato estar ou não acontecendo, pois não é aqui que vai encontrar. Os personagens saem da pré história e vão passando pelas mais variadas histórias bíblicas como a briga dos irmãos Abel e Cain e estacionando na época do Império Romano. Tudo é feito da forma mais louca imaginada, sem se preocupar com continuidade, dando total ênfase nas piadas criativas e extremamente inusitadas dos personagens.
Impossível não rir do obcecado Abraham e suas tentativas de cortar fora os órgãos genitais de todo mundo, ou da briga hilariante dos irmãos no meio de um campo. Os diálogos estão criativos e muitas piadas que poderiam soar ofensivas ou preconceituosas não surtem este efeito, mas sim conquistam por sua originalidade. Aliás, Ano Um é um filme que não apela para os diálogos sujos como xingamentos para provocar um efeito maior sobre o telespectador, muito menos foca na nudez e palavreado inapropriado. As cenas, o clima e os personagens estão “limpos” e mesmo que não completamente imunes a estereótipos, conquistam o público.
As loucuras que se passam no templo são de longe as mais hilariantes do filme, principalmente aquelas que envolvem o Alto Sacerdote, interpretado por um brilhante Oliver Platt, arrancando as melhores gargalhadas da platéia. Peludo e afeminado, aliado com suas falas maldosas proporcionam grandes momentos, onde tudo fica melhor com a aparência de incredulidade de Cera, em um ótimo trabalho dos astros. A cena em que o personagem de Cera passa óleo no peito peludo do Sacerdote é impagável e de arrancar com facilidade muitas gargalhadas da platéia.
Apesar de seu final deixar um pouco a desejar, o restante de Ano Um compensa pelos excelentes momentos e pelos criativos diálogos. Piadas que realmente dão certo e divertem, contando com uma dupla muito bem balanceada por Black e Cera, este filme é um sopro de originalidade quando o assunto é a técnica empregada para contar a história, totalmente descompromissada com algo verossímil, mas sem cair no ridículo. A equipe técnica está de parabéns por ter concebido um filme de aparência limpa, fotografia clara além de uma bela trilha presente nos principais momentos do filme. Filme pipoca de qualidade, risadas são inevitáveis aqui.
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