"Uma câmera na mão e uma idéia na cabeça".
Essa máxima de Glauber Rocha continua viva no cinema e foi com esse espírito que o diretor Matheus Souza concebeu em sua estréia em longas metragens, umas das melhores e mais inteligentes comédias do cinema nacional.
O enredo é simples: Adriana (Erica Mader - sobrinha de Malu Mader - a Bebel do seriado da HBO Brasil "Mandrake") procura seu namorado Antônio, um "nerd" fã de Star Wars que usa camisa listrada e os óculos do avô (o bom ator Gregório Duvivier de "A Deriva" e do grupo de comédia. Z.É., Zenas Emprovisadas) e diz que quer terminar o seu relacionamento e que ele tem apenas 1 hora com ela, antes dela partir.
Só resta a Antônio nessa última hora restante convencê-la a não ir embora.
"Podemos ir para nosso lugar secreto e fazer amor até hora de ir embora ou podemos passear e conversar" - ela diz. "Não podemos fazer as duas coisas ao mesmo tempo?" - ele retruca.
O que vem a seguir são os diálogos mais inteligentes e descompromissados dos últimos anos do nosso cinema, carregados do que convencionou-se a chamar de cultura-pop.
Os diálogos passeiam entre Star Wars, Orkut, Britney Spears, Strokes, Cavaleiros do Zodíaco e pasmem Pokemon , o que denunciava que o diretor deveria ter no máximo seus 20 e poucos anos, e qual foi a minha surpresa ao descobrir que ele tinha apenas 19 anos.
O entrosamento da dupla de protagonistas é tão forte e interessante que parece que estamos presenciando um casal de verdade em crise tendo a famosa D.R (discussão de Relacionamento), carregados de bom humor, ironia e por que não existencialismo como: "Falar de amor não é clichê, falar que falar de amor é clichê é que é clichê " ou "nos perdemos no momento em que nos encontramos".
Apesar de ser uma comédia romântica o filme muitas vezes nos passa uma melancolia que expressa todo o sentimentos dos personagens que apesar de tentarem transparecer segurança sobre seu atos e ações estão totalmente perdidos, como na cena em que choram no banheiro.
Vemos claras influências de Woody Allen, Wes Anderson e Kevin Smith no filme, e também do diretor brasileiro Domingos de Oliveira (que o apadrinhou depois desse filme) mas tudo com uma cara bem pessoal.
".Apenas o Fim ganhou prêmios de Melhor Filme do Júri Popular e Menção Honrosa do Júri Oficial no Festival do Rio 2008 e o Prêmio de Melhor Filme do Júri Popular na 32ª Mostra de São Paulo. Também foi exibido em Festivais de Cinema no mundo inteiro: França, Holanda, Eslovênia e Estados Unidos.
O Filme fecha de maneira linda, apoteótica e triste com a linda música "Pois é" dos Los Hermanos.
Resta nos aguardar os próximos filmes dessa nova promessa do cinema nacional...
Comentários (0)
Faça login para comentar.
Responder Comentário