"De um modo geral, 'Príncipe Caspian' é uma boa continuação, dependendo do seu ponto de vista"
Em 2008, a tão esperada continuação do primeiro filme de Nárnia teve um orçamento de 225 milhões de dólares. Todo esse orçamento foi a demasiada confiança da Disney na potencialidade dos filmes em arrecadar bilhões. Tudo neste filme está superior ao primeiro, inclusive nas partes técnicas, mas o público fez a Disney se decepcionar. Com uma abertura no fim de semana muito tímida, seguida pela outra semana muito fraca, “Príncipe Caspian” conseguiu apenas 419 milhões de dólares. A bilheteria não foi ruim; é bom deixar isso bastante claro antes de mais nada. O grande motivo de nomear esse filme de “fracasso” foi o seu orçamento, como já mencionado. Um filme com mais de 200 milhões de orçamento certamente tem grandes pretensões, e vê-se pela produção do filme que sim: eram muito grandes as pretensões. Mas o longa lucrou apenas 194 milhões de dólares, ou seja, nem o dobro do orçamento.
Deixando de lado termos de dinheiro, vamos ao filme. A estória começa com os quatro irmãos numa estação de trem. De uma hora para outra eles se veem em Nárnia. Depois descobrem que se passaram muitos anos, mas o que os deixam intrigados é que seria impossível acontecer tanta coisa em tão pouco tempo. É porque o tempo em Nárnia é diferente. Se você visita Nárnia por cinco horas, no nosso “mundo” pode ter passado apenas um minuto, ou ter passado anos ou até séculos e milênios. E vice-versa.
Porém o filme não é todo dos irmãos Pevensie. Temos a estória dos telmarinos e narnianos, que foram oprimidos por aqueles. Aqui outra face do mundo criado por C. S. Lewis é mostrado. Os anões ganham muito destaque, como o Nikabrik, sem falar do carismático ratinho, Ripchip, que está pra lá de convincente, já que é totalmente computadorizado. Falar de efeitos especiais e não falar de Aslam é praticamente impossível. Mais uma vez o leão-deus está muito bem feito, bastante real (só fiquei sabendo que ele é feito por computador, pois li em uma de minhas pesquisas). Os efeitos especiais estão melhores do que nunca, com destaque para a cena do rio e claro, da grande batalha, no final do filme. A fotografia do filme está esplendorosa, mostrando um mundo colorido e cheio de verde. A trilha sonora mais uma vez está insossa, e nem ao menos chama a atenção. A direção de Andrew Adamson está mais madura, conseguindo alternar cenas descontraídas com cenas de ação. Os ângulos das filmagens foram muito importantes para mostrar a grandeza da batalha. A única coisa que me desagradou foi o uso exagerado de um zoom rápido.
Os diálogos estão razoáveis. Ora alternando em risíveis, ora alternando em medianas. As atuações continuam fracas, e quem ainda se destaca é Lúcia. Outro que se destaca entre os irmãos é Pedro, que consegue passar a difícil situação do personagem, mas nada demais. O destaque continua para Lúcia. O meio-termo para Suzana. E o fraco para Edmundo. Caspian faz um trabalho bastante na média, nada de impactante e marcante, mas soube interpretar o personagem muito bem.
Com alguns defeitos, como a aparição da Feiticeira Branca, que chega a ser constrangedor, o que seria mais ainda no terceiro filme. Mas Tilda Swinton fez o seu papel muito bem, apesar de aparecer pouco e numa cena totalmente digitalizada.
De um modo geral, “Príncipe Caspian” é uma boa continuação, dependendo do seu ponto de vista. Se for pelas bilheterias deve ter sido horrível para a Disney. Se for pela grandiosidade e maior seriedade o filme cumpriu muito bem o seu papel. Mas não passa de um filme normal, que não teve um impacto que merece, pois Nárnia deixa muito mundo mágico no chinelo. O que faltou foi um bom diretor, uma produção mais séria, e maiores pretensões. No final, a Disney não agüentou e vendeu os direitos dos filmes para a Fox. Apesar de tudo, um excelente filme.
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