“Eu sou Hercule Poirot, e devo ser o melhor detetive do mundo”
Antes de mais nada, para assistir a esse filme é mais do que recomendado que o livro seja lido primeiro, pois sua história, investigação e conclusão são primorosas e mais complexas, afinal, adaptar mais de duzentas páginas em um filme de menos de duas horas não é tarefa fácil, principalmente quando se trata dos livros da grande escritora de livros criminais e investigativos, Agatha Christe.
O Assassinato no Expresso do Oriente (2017), nos transporta para dentro das páginas do livro, de mesmo nome, uma das maiores obras da autora, pelas mãos de Kenneth Branagh que assina a direção e o papel de Hercule Poirot, o melhor detetive do mundo. A história? Um homem é assassinado em luxuoso trem. Todos os suspeitos teriam motivos para mata-lo, por sorte – ou azar dos suspeitos -, na viagem está Hercule Poirot, um passageiro inesperado na embarcação do expresso.
O livro de Agatha Christie possui uma história e personagens envolventes, com uma resolução inesperada (até as últimas páginas o leitor tenta imaginar e decifrar o verdadeiro culpado dentre tantos suspeitos, com tantos trejeitos, álibis, mentiras, falhas e identidades), a adaptação de 2017, no entanto, deixa a desejar em diversos pontos. Kenneth Branagh entrega um Poirot humanizado, com falhas, mas ainda sim, um brilhante observador e calculista detetive, o elenco, recheado de grandes atores e atrizes - Daisy Ridley, Josh Gad e Michelle Pfeiffer estão muito bem, entregando personagens caricatos, como os do livro, mas humanos e propensos a falhas -, a câmera que conduz de forma interessante, de fora e dentro das cabines luxuosas, de horizonte a horizonte, pegando toda dimensão do imponente trem, que acaba por ficar preso durante uma nevasca, deixando todos os passageiros presos com um morto e um assassino. O suspense cresce conforme pistas aparecem e novos suspeitos, antes despercebidos, agora ganham força em sua motivação.
O Assassinato no Expresso do Oriente é um história de um assassinato de um assassino, do certo e do errado e o que há no meio disso. Branagh acerta em dosar o tom da história, fazendo pequenas modificações pontuais, adaptando o melhor possível uma história que funciona tão bem no livro mas não teria o mesmo efeito nos cinemas, com personagens humanos, motivados pela vingança e a falha na justiça e na lei dos homens, fato interessante: A história, do livro e do filme se passam nos anos 30. Há tensões raciais, preconceito com latinos, italianos e negros. As mesmas falhas na lei de hoje existem no passado, o filme tem um desfecho abrindo ponte para uma sequência, A Morte no Nilo, também de Agatha Christie, com Branagh no papel de Poirot.
A dama do crime estaria orgulhosa dessa versão de seu detetive belga e de uma de suas mais célebres obras: O Assassinato no Expresso do Oriente merece ser conferido, principalmente para os amantes de investigação policial, o suspense que perdura até o fim para achar o real culpado. E que desfecho!
“Antes havia o certo e o errado, e no meio disso agora há vocês”
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