Avatar ganhou o Globo de Ouro. Isso é triste. Em que pese a politicagem em torno da nomeação, muito devido à importância do filme para a indústria cinematográfica - uma vez que o mesmo trouxe as pessoas de volta às salas de exibição e gerou milhares de novos empregos em um negócio que se encontrava em crise - o filme em si não merece prêmio algum.
Para conseguir um ingresso para o filme, precisei ir três vezes ao cinema. Só na terceira delas, consegui comprar, para o dia seguinte, na sessão de 14:00hs. Isso porque todas as outras estavam esgotadas, em pleno meio de semana. Toda essa agitação e audiência só fez aumentar minhas expectativas. Ao entrar na sala, receber meus óculos e ver os trailers, achei que estava prestes a presenciar uma revolução histórica, algo genial e inovador.
Realmente, o 3D é algo bacana, bonito, e que abre diversas oportunidades. Mas os efeitos especiais deveriam ser um complemento ao filme; um meio e não um fim. Ele não é suficiente quando se tem uma história clichê, previsível e repleta de reflexões já cansativas, como “preservar a natureza” e “conexão com a mãe terra”.
O que Cameron tentou fazer foi pretensioso demais. O diretor realmente criou um novo mundo, com um complexo idioma, plantinhas e o escambau. Beleza. Mas sob o que está fundado esse mundo? Sob a história de Pocahontas? Cameron foi longe demais ao tentar se igualar/superar Tolkien. Nem mesmo chega ao nível de Lucas. Peca porque seu mundo não tem originalidade. De nada adianta criar uma nova linguagem se os personagens não têm o que dizer.
Mocinho de uma civilização desenvolvida, em visita ao “Novo Mundo”, repleto de “selvagens”, encontra mocinha nativa, proveniente de uma cultura totalmente diferente de tudo que ele já havia conhecido, que tem uma conexão com a natureza. Eles se apaixonam, mocinho adota o povo da mocinha como seu e defende-os da sua antiga civilização, que está disposta a destruí-los para poder explorar os recursos naturais. ISSO é Pocahontas. Some a essa história um pouco de azul, críticas totalmente despropositadas ao governo Bush, uma pitada de “Inconvenient Truth” e um pouco de Sci-fi, you got your movie. Aliás, a respeito do conteúdo político do filme, ele é tão cretino que parece um show do U2.
Sinceramente, a melhor coisa do filme inteiro é o trailer de Alice. Ali já dá pra ver a beleza dos efeitos 3D. Não precisava de mais 2h40min de uma história ruim. Mesmo assim o que mais se vê por aí são pessoas que adoraram o filme e já começam a cultuá-lo. O pior de tudo nessas discussões é ter de ouvir que “gosto é gosto”. Para mim isso é apenas uma desculpa usada por aqueles que não tem senso crítico. Se bem que, depois de ouvir de um amigo que o filme “O Conde de Monte Cristo” é o melhor que ele já viu na vida, Avatar deve mesmo estar merecendo um Oscar.
Ao final do filme, me senti como um Na’vi diante do exército de James Cameron, munido de toda a tecnologia e poder, disposto a destruir tudo em seu caminho rumo ao prêmio da Academia. Quem me dera ter uma “Árvore da Vida” do meu lado. Ou ao menos um pássaro gigante.
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