Após dezenas de análises realizadas aqui no CinePlayers, realmente existe pouca coisa que possa ser dita sobre "Avatar", algo que seja novidade. Agora que Cameron decidiu gravar mais dois filmes da franquia, que já possuem até data para estrearem, e que sem dúvida, chegarão para quebrar mais recordes ao redor do mundo, decidi escrever um pouquinho sobre as qualidades e defeitos do longa. Inicialmente, o longa é visualmente falando, um dos mais belos já realizados, com uma riqueza de detalhes pouco alcançadas anteriormente, mas o que não posso deixar de comentar é sua fraca estrutura de narrativa, que não acompanha a 'revolução' ´proposta pelo cineasta.
12 anos após o mega sucesso de "Titanic", Cameron retorna com mais um fantástico longa-metragem, que transporta o público a lugares mágicos e surpreendentes. O 3D é pela primeira vez utilizado em Hollywood em prol do cinema, tendo em vista que seu artíficio é necessário para dar vida ao universo criado por Cameron. Tudo o que está na tela é de uma riqueza de cores, detalhes, brilho e fantasia de dar inveja a muitos. O som é um pancada nos ouvidos do público, e quem pôde acompanhar o filme nos cinemas sabe disto, deixando a projeção mais emocionante e eletrizante.
Falar das qualidades técnicas de "Avatar" não é nenhum problema, devido a inúmeros elementos que permitem isto, sendo que o principal responsavél por tudo se chama James Cameron. O diretor é brilhante, seu talento é inegável, quando o assunto é divertir a platéia, com seus filmes sendo os mais rentáveis da história cinematográfica. Um diretor que parece não conhecer limites, tendo em vista que seus filmes possuem os maiores orçamentos de todos, a equipe técnica deve literalmente, construir o ambiente geral para transportar para as salas de cinema. Foi assim em "Titanic" e é assim em "Avatar".
Se de um lado Cameron é um cineasta que entrega obras que divertem a platéia, arrastando milhares para conferir seus filmes, o mesmo não pode ser dito de seu trabalho como roteirista. O mesmo não possui uma veia narrativa tão aguçada, e sempre se perde em um mundo de clichês, cenas batidas e uma construção de personagens que não fogem de outros já explorados anteriormente. É como se o diretor só tivesse dom para a construção de seu mundo, que dá vida aos seus filme (é impossível não ficar maravilhado com o impecável trabalho de "Titanic" e "Avatar"), porém sempre comete os mesmos erros narrativamente. Sua criatividade está em compor seus universos em seus ricos detalhes, mas definitivamente, não está em compor personagens e as relações que os cercam.
A sensação que tive quando assisti a este exemplar nas telonas foi de pura admiração pelo seu visual inovador, tão belo e rico em detalhes, as cores vibrantes, os animais e as plantas, enfim, tudo está ali para ser admirado e realmente Cameron merece os parabéns por tal trabalho tão engenhoso e magnífico, mas caso a trama acompanhasse o impacto visual deslumbrante, poderia ter levado o Oscar de Melhor Filme do ano passado. A relação que envolve os personagens já foram vistas em outros exemplares, muitos citados entre as dezenas de comentários aqui no site, bem como a superficialidade da relação mocinho/vilão.
Tanto mocinho quanto vilão estão altamente caracterizados com seus estereotipos, e não escapam disto hora alguma. O vilão é um homem mal, que aparentemente não possui sentimentos, lembrando bastante os vilões dos anos 80. Em nenhum momento Cameron se preocupa em revelar detalhes dos personagens, explorá-los mais a fundo, desenvolver suas personalidades ao longo da trama, para que talvez exista uma reviravolta, mas nada disto ocorre. Vilão é vilão e mocinho é mocinho. A todo momento o vilão está fazendo algo que irrite o público e paralelamente o mundo dos nativos é mostrado e explorado de forma que o telespectador não dê chances alguma para o vilão mostrar quem é de verdade. Aliás não existe espaço para os personagens, só existe espaço para o mundo Pandora.
O universo criado por Cameron recebe todo o cuidado de tratamento, e é explorado de forma eficiente pela equipe técnica, que realiza uma grandiosa façanha cinematográfica. Se a trama acompanhasse esta 'revolução visual' tudo ficaria melhor de sentir, entender, vivenciar. Enfim, "Avatar" é uma oportunidade única de viajar por um mundo diferente, belissimo, rico e maravilhoso, que sem dúvida ficará na mente de muitos por um bom tempo. Agora é esperar os dois próximos filmes e ver se Cameron melhore como roteirista e de mais espaço à seus personagens e sua história, e não apenas ao seu 'universo' maravilhoso.
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