1941, França ocupada pelos nazistas, o Coronel Hans Landa (Christoph Waltz) visita uma fazenda à busca de judeus, ele é conhecido como Caçador de Judeus. A família de Shosanna Dreyfus (Mélanie Laurent), que lá estava escondida, é descoberta e assassinada, e somente ela sobrevive, para depois buscar vingança. Um grupamento chamado Bastardos Inglórios tem como missão apenas matar o maior número de nazistas possível. O grupo é formado por soldados judeus e é liderado por Aldo Raine (Brad Pitt), conhecido também como O apache, pois, além de ser descendente de índios, nas instruções iniciais para seus comandados ele estabelece uma meta: Cada um deve trazer 100 escalpos de nazistas para ele.
Com isto posto, Tarantino monta um filme perverso, cômico e recheado da mais pura arte cinematográfica. Todos os elementos tradicionais dos seus filmes estão lá: Referências ao gênero cinematográfico, diálogos extensos e inteligentes, trilha sonora magnífica, cenas de extrema violência, abordagem pop, divertida e incomum. Posso estar ainda extasiado pelo pouco tempo que se deu da minha apreciação para a análise, mas pessoalmente, este filme teve um impacto de agrado similar ou superior para mim em relação à Pulp Fiction (1994), até então, meu filme preferido do diretor.
O diretor apresenta um certo amadurecimento com esta última obra, a narrativa flui perfeitamente, mesmo com os inúmeros flashbacks explicativos. Seu humor, mesmo extremamente politicamente incorreto, está muito aguçado. Atenção para as cenas com Hitler(Martin Wuttke), que está muito caricato, a cena dos Bastardos tentando falar italiano na estréia do novo filme de Goebbels (Sylvester Groth), e sem dúvida todas as cenas do Coronel Hans Landa, o ator Christoph Waltz rouba a cena de fato, não duvido de indicações e premiações diversas a ele.
Não esperem coerência com os acontecimentos históricos, porém é muito divertido imaginar a história de uma maneira alternativa. É um filme com a marca de Tarantino. Não há um grande questionamento, e sim um grande entretenimento, o que não quer dizer que isto signifique um demérito, pois não somente de filmes cult se faz uma boa apreciação de cinema, caso contrário Star Wars e Jurassic Park nada seriam além de obras montadas visando a alienação em relação aos problemas sociais para a manutenção do modo de produção capitalista. Besteira. Há fantasia e diversão de altíssima qualidade.
Realmente Tarantino é um mestre em criar cenas memoráveis. Certamente o ataque histérico de Hitler (”Nein ,nein, nein, nein, nein!”), o Urso Judeu (Eli Roth) e seu modo de “cuidar” dos inimigos, as cenas dos escalpelamentos, a “lembrança” que os Bastardos deixam nos sobreviventes serão lembrados assim como acontece em todos os seu filmes. Há momentos de tensão, angústia e dúvida, que fizeram com que eu realmente entrasse na experiência estética de um cinema real, pensante, intrigante, bizarro.
1944, Soshanna Dreyfus, adotando um nome falso, agora é dona de um cinema, e conhece o soldado Fredrick Zoller (Daniel Brühl, o protagonista de Adeus Lênin!), herói de guerra, que pelos seus feitos estrela um filme-propaganda do Terceiro Reich. Por estar interessado na jovem francesa consegue persuadir Goebbels a alterar o local da estréia do filme para o cinema de Soshanna, e isto desencadeia o plano dela para vingar-se, já que todo o alto comando nazista estará presente, inclusive Hitler. Os Bastardos Inglórios atuarão na Operação Kino, que tem como objetivo, eliminar os líderes alemães nesta mesma estréia. Nisto o problema se desencadeia e irá encaminhar para um desfecho, com o perdão do clichê, surpreendente.
A espera desde À Prova de Morte (2007), então, mostrou-se recompensadora e toda minha expectativa também foi válida, pois este era o filme pelo qual mais aguardava no ano. Aguardo agora pelo lançamento do DVD com os extras, já que 40 minutos da película foram retirados pelo próprio Tarantino. Sinceramente o que me desagradou foi o fato de muitos personagens interessantíssimos terem sido sub-aproveitados e senti um desejo de que o filme durasse mais, porém isto é pequeno diante do belo trabalho realizado e do ótimo entretenimento que ele proporciona.
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