Tarantino chega à glória de sua carreira com este filme que é, na verdade, o resultado da lapidação de seu trabalho ao longo anos, contendo todas as características positivas, típicas do estilo que fez sua fama, desde a forma detalhista e inteligente como escreve o roteiro e divide suas histórias mirabolantes (o filme é dividido em capítulos, técnica já explorada anteriormente por ele, que vai selecionando as partes pertinentes da história e completando-as perfeitamente no final), até alguns ingredientes clássicos de suas obras: muito sangue, humor (negro), crítica, e excelente trilha sonora que se encaixa como uma luva na trama.
Bom, além de ser um filme do Tarantino (o que, como já expliquei, diz muita coisa por si só), é um filme inovador porque é o primeiro filme americano que assisto, sobre guerras, que é poliglota, com personagens que interagem cada um na sua língua de origem, sem ter o inglês prevalecendo, como de costume. Claro que o ideal americano e sua busca por justiça heróica estão presentes e é a principal motivação do enredo, mas isso não é tratado de forma piegas, como de costume, pelo contrário! É uma característica daquele povo e, como tal, foi preservada com Tarantino explorando-as na íntegra e até tirando um sarro delas como forma de incrementar o humor no filme.
Além disso, tecnicamente falando, os elogios continuam: os ângulos de câmera apropriados para cada momento, a fotografia clássica de guerra, a direção cautelosa, a atuação impecável... Brad Pitt, sem dúvida nenhuma se mostra cada vez melhor e mais competente na arte de atuar e desenvolver seus personagens, mas quem merece destaque é o vilão desenvolvido por Waltz, uma surpresa agradável para quem espera vilões toscos e ignorantes em todos os aspectos! O roteiro para ele (especialmente pra ele) foi muito bem escrito e o ator soube aproveitar a deixa. Os melhores diálogos (incentivando muitas vezes reflexões perturbadoras sobre o tema) são construídos em cima dele, pela personagem interagir com praticamente todas as outras. Essa interação faz com que diversas situações ocorram e a mesma personagem precise intervir de forma inteligente e sagaz. Assim, Waltz vai do cômico ao trágico, passando por agradável e carrasco ao mesmo tempo de forma fascinante!
Utilizando o bom e velho português coloquial: é um filmaço, de fato! Altamente recomendável aos fãs do gênero, dos atores, do diretor e, sobretudo, aos amantes do cinema.
Bom texto, Tarantino em minha humilde opinião entrega seu melhor filme