Em toda sua carreira cinematográfica, Quentin Tarantino usou elementos do cotidiano, criou coisas nunca vistas antes. Sua avaliação do Status Quo do cinema foi como a de um inventor pesquisando num lixão. Volta e meia ele desmonta o passado, remontando tanto tradições como clichês em formas que reconhecemos apenas em partes. Seus filmes nos parecem estranhos e familiares ao mesmo tempo. Tarantino volta para o futuro.
Bastardos Inglórios não se dá ao luxo de satirizar ou apenas colar pedaços. É reverentemente autentico como uma história de guerra, usando a mesma mágica tensa de manter o suspense, comum aos melhores do gênero, seja na literatura ou no cinema. Ao mesmo tempo, é Tarantino, sua linguagem caracteristica.
O cenário é Paris, em junho de 1944. Os americanos e ingleses ainda estão em suas posições costeiras na Normandia, avançando lentamente para dentro do continente através de vilas fortemente defendidas e cercas vivas. O exercito alemão ainda não adimitiu a iminente derrota. Eles passaram 4 anos sem serem pertubados na França e acabaram gostando do lugar. Soldados flanando por Paris vão ao cinema e cortejam as mademoiselles que lhes dão atenção. Mas o trabalho de Tarantino sempre se equilibra sobre um caos subjacente. O desespero se infiltra por entre os nazistas, que apressam seus esforços para erradicar os ultimos judeus da europa antes que o jogo vire. Sentimos os minutos contados para a alemanha num filme produzido por Goebbels com a intenção de levantar animos das tropas, propagandeando um atirador solitário que matou 300 sovieticos na frente oriental. Uma pequena equipe de soldados judeus-americanos mata ousadamente no interior das linhas inimigas (Judeus que escapelam, outro borrão da caneta de Tarantino). Uma jovem planeja uma vingança secreta contra os nazistas pela matança de sua familia.
Ao passo que Bastardos Inglórios traz vida e cores, movimento e direção, o manuscrito oferece uma alegria à parte, da qual o filme é incapaz. O roteiro bruto proporciona uma intimidade incomparável com a dinâmica dos dialogos, ação e ambientação de Tarantino quando a sua voz é quem está pronunciando as falas, sua própia mente filmandos as cenas, Além disso a propia voz de Tarantino enche o roteiro em suas descrições de motivação (até o fim baby, até a porra do fim), direções de camera, ação, e descrições dos personagens e cenários.
Curiosamente Bastardos Inglórios, um filme sobre a Segunda Guerra, tem uma contagem de corpos inferior a maioria dos outros filmes de Tarantino. Embora não haja falta de massacre e violencia, parece que o pano de fundo histórico de violência real restringiu suas tendencias a retratá-las de maneira displicente. O roteiro conta as vidas, as mortes e os atos terriveis de pessoas reais. Tarantino evoca um mundo em guerra, de verdade. É plausível e aterrorizante.
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