Adiei ao máximo uma análise mais aprofundada sobre Bastardos Inglórios. A proximidade do Oscar aliada a uma revisitada ao filme tornam mais fácil essa análise. Pretendo, ironicamente, dizer algo clichê sobre um filme tão original quanto esse: essa é mais uma obra-prima de Quentin Tarantino.
Quentin Tarantino, como inclusive já disse anteriormente ao compará-lo a Daniel Day-Lewis, parece sempre saber o momento certo de voltar e a melhor forma de fazê-lo. Motivo de piada no meio cinematográfico devido a imensa quantidade de filmes que já retrataram a Segunda Guerra Mundial, eis que ela ganha um contorno totalmente novo e original: Tarantino cria um filme excelente e importante para o cinema ao retratar esse importante acontecimento de um modo nunca imaginado, inserindo nele temas recorrentes em sua carreira, a vingança e o seu amor ao cinema.
Assim como seus outros filmes, Bastardos Inglórios é contado em capítulos e nele também estão presentes as conhecidas características de Tarantino: os diálogos repletos de humor negro e uma dose de suspense implícito nos inspirados diálogos. Se durante o filme os fatos são mais contados do que mostrados, os efeitos acabam sendo os mesmos, bem ao estilo e desejo de Tarantino.
Seja como roteirista ou como diretor, sempre ótimo e original nas duas funções, Tarantino mostra-se um excelente condutor de atores, onde mesmo aqueles mais inexperientes (às vezes ruins mesmo) ganham uma excelente oportunidade ao trabalhar com ele. Em Bastardos Inglórios, novamente Tarantino premia os atores com excelentes diálogos, caracterizações e complexidade, e vemos que todos eles realizam grandes trabalhos com o que têm em mãos.
Os excelentes Brad Pitt (muito engraçado com sua arrogância e sotaque típicos dos sulistas americanos), Melanie Laurent (contida e lembrando as atrizes da nouvelle vaugue), Christopher Waltz (simplesmente o melhor, variando bem desde os momentos mais tensos até os mais cômicos) e todos os demais dão a esse filme o elenco do ano.
Como em todos os filmes de Tarantino, a técnica é excelente, com destaque para a trilha sonora proveniente de filmes clássicos, a fotografia e montagem caindo como uma luva para todas as suas idéias e objetivos.
Há, portanto que se destacar que em seus filmes, não há nada deixado de lado por Tarantino. Tudo ganha atenção especial por parte dele, fazendo um equilíbrio perfeito para todos os requisitos de um grande filme (roteiro, direção, elenco e técnica).
Enfim, Bastardos Inglórios fica na nossa mente por muito tempo, seja pelos diálogos (como esquecer em especial toda a conversa de Hans Landa e Lapadit, tão intensa e bem trabalhada), cenas marcantes (a cena final do cinema, o enforcamento de uma personagem, a marcação de uma suástica em outro), o elenco brilhante e, claro, tudo isso sendo tão bem conduzido pelo “maestro” Quentin Tarantino, que chegou ao ponto de guiar não apenas seus próprios filmes e sua carreira, mas guia também Hollywood e todos nós ao seu redor.
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