O ano de 2008 ficou marcado por duas unanimidades americanas. Uma na vida real: o presidente Barack Obama. Outra na ficção, com Cavaleiro das Trevas, filme que consolida a visão realista do homem-morcego criada por Christopher Nolan. É praticamente um consenso que este segundo filme da nova franquia Batman sagrou-se o melhor blockbuster do ano. Vou além: é o melhor blockbuster desde O Retorno do Rei.
Chris Nolan sempre gostou de escrever os roteiros de seus próprios filmes. Em de Cavaleiro das Trevas contou com a colaboração do irmão Jonhatan. O texto fez render um filme de duas horas e meia. Embora longo, não é cansativo e tampouco raso como a maioria dos filmes de super-herói. Aprovado em Batman Begins, Christian Bale está ainda mais a vontade na pele do Bruce Wayne.
Após submeter-se ao calvário que concebeu o renascimento do personagem, nessa nova etapa ele oculta-se na faceta de um playboy descompromissado, interessado apenas em mulheres e grandes jantares. O mordomo Albert (Michael Caine) o projetista Lucius Fox (Morgan Freeman) e o inspetor Gordon (Gary Oldman), seus fiéis escudeiros, continuam com ele. A promotora Rachel Dowes foi substituída por Maggie Gillenhaal que se saiu um pouco melhor que a antecessora Katie Holmes.
Na nova aventura, Batman ganha um novo aliado para combater o crime organizado de Gotham City: o promotor de Justiça, Harvey Dent (Aaron Eckart). Obstinado pelo prestígio e, sobretudo, por justiça, ele surge como uma nova esperança da população para acabar com a violência e a corrupção da cidade.
Enquanto Harvey Dent não é visto como o herói sem máscara que o Bruce Wayne deseja, civis inexperientes vestem-se de Batman e tentam fazer justiça com as próprias mãos. No outro extremo, os criminosos buscam estratégias para acabar com o homem-morcego.
Nesse cenário de caos generalizado é que surge o Coringa (Heath Ledger), a grande atração do filme. Ao contrário dos outros criminosos de Gotham que buscam o dinheiro e o poder, ele figura-se como um tipo perturbado, interessado apenas em ver o circo pegar fogo. Todas as suas ações buscam desestabilizar Batman. Quando percebe que a estratégia não funcionará tão facilmente, ele passa a investir no promotor que não possui o mesmo suporte emocional do super-herói.
Das tantas qualificações atribuídas a Cavaleiro das Trevas, o que mais chama atenção é o seu equilíbrio. O roteiro poderia desvencilhar-se na preguiça e rechear o filme com seqüências de ação e efeitos especiais. Ou então exacerbar a construção psicológica dos personagens e esterilizar o ritmo do filme. Em vez disso, os irmãos Nolan conseguiram convergir ação e consistência e produzir uma grande obra.
Outra virtude de Cavaleiro das Trevas é a qualidade do elenco. A trinca Bruce Wayne, Harvey Dent e Coringa duelam em alto nível. No fim, a mística do vilão faz com que Heath Ledger ofusque os seus concorrentes. O Oscar póstumo de ator coadjuvante já era carta marcada. E nesse caso o coringa do baralho tem nome e sobrenome.
http://blig.ig.com.br/planosequencia/
Comentários (0)
Faça login para comentar.
Responder Comentário