Um filme que tornou-se referência em adaptação de um super-herói dos quadrinhos para as telonas. "Cavaleiro das Trevas" é quase uma obra de arte, onde Nolan em sua continuação no ressurgimento do morcego, eleva ao máximo o herói e lhe concede um longa fantástico, que respira emoção e ação o tempo todo. Falar deste filme após tantos comentários feitos aqui no site, soa meio repetitivo, mas nunca é demais elogiar um excelente trabalho de não apenas do diretor, mas sim dos atores e de toda a euipe técnica do longa, que deram vida à um super filmaço!
Após "Batman Begins" em 2005, o morcego respirava novos ares, com um novo começo sendo contado de forma correta e coerente. Com uma trama sem muitos exageros, sem personagens fantasiosos e uma história mirabolante demais até mesmo para filmes como este (Exemplo o último filme de Schumacher, em 97), este longa devolveu a dignidade perdida ao herói noturno. Após contar a história do herói, seu desenvolvimento psicológico e físico no primeiro filme, Nolan reservou uma ação avassaladora para este capítulo. Com uma trama e personagens já ambientados e estruturados, coube ao diretor expressar criativamente possibilidades que fizeram este filme, um dos melhores de 2008.
Contando com habilidade de sobra, Nolan dirige TDK de forma brilhante. Nunca deixa o clima cair, mantendo um ritmo quase sem pausa para descanso. Isto se dá pelo fato deste longa, não contar apenas com o embate de vilão/mocinho, mas ser possuidor de uma estrutura muito bem organizada, com o desenvolvimento de ambos sendo explorado, como também inúmeros coadjuvantes que colaboram eficientemente para a trama. A maioria possui um peso no roteiro, e cada um influencia alguém ou algo, desencadeando uma consequência dentro da trama, não se restringindo à apenas falar meia dúzia de frases e pronto. Todos possuem seu espaço na trama.
Christian Bale é o Batman definitivo. Provou isto em 2005, quando desenvolveu o herói, lhe conferindo corpo e alma. Seu Bruce é o melhor de todos, e é em "Batman Begins" que o ator pôde explorar a mente por trás do morcego, seus medos, inseguranças, sonhos. Bruce é o melhor personagem do primeiro, sendo que neste filme, seu alter-ego é quem dá show. Há ainda dilemas a serem enfrentados por Bruce, como o peso de ser herói, mas em baixa escala de desenvolvimento, como mostrado outrora. O Cavaleiro das Trevas surge mais imponente do que nunca, em grande estilo, como nunca visto antes em uma adaptação de um super-herói.
Rapidamente o público simpatizou com o protagonista, tendo em vista a humanização recebida por todos os personagens, criando uma empatia melhor, possibilitando uma aproximação de ambos. Com isto, as ações dos personagens tornam-se mais compreensivas e possíveis de se crer. Com cada detalhe sendo explicado, o desenvolvimento dos personagens avançando conforme a trama, tudo permitiu uma grande aceitação do público pela história e mais que tudo, pelo destino dos personagens nestes filmes.
O herói é um indivíduo idealista, mas ciente da situação em que Gothan se encontra. O tráfico, a corrupção, a máfia, tudo está bastante presente na cidade, e sozinho, pouco pode fazer. O Herói conta com a possibilidade de aceitação da população, para justificar seus atos, e com isto lhe transmitir uma mensagem de esperança, onde o mesmo estaria dando o primeiro passo, para limpar as ruas de Gothan de marginais, sendo que seu exemplo poderia influenciar outras pessoas. Neste longa, o personagem de Aaron Eckhart, Harvey Dent é fundamental, sendo um poderoso aliado para retirar os bandidos de circulação.
O fascinante neste filme, é que quando paramos para analisar qual é o personagem mais interessante, sempre é uma escolha complicada. Temos Bruce/Batman, o Coringa, Harvey Dent, Comissário Gordon, só estes já garantem grandes momentos para o filme, e o que dizer então se ainda temos os personagens Rachel, Lucius Fox e o maravilhoso Alfred na trama? Grande mérito da trama é possuir estes personagens secundários interessantes e criativos. Todos carregam um peso enorme dentro do filme, sendo que cada um ganha seu 'espaço' para desenvolvimento, que certamente continuará no próximo filme. Destaque positivo para o desenvolvimento de Gordon (Gary Oldman) e negativo para Rachel, aqui interpretada por Maggie Gyllenhaal, que não possui o mesmo carisma de Katie Holmes, que no primeiro filme, se fez uma personagem completa, interessante e criativa, bem diferente da Rachel desta vez.
Então vamos por partes, começando pelos personagens. Gordon desempenha um papel maior na trama deste filme, sendo um dos que mais desenvolveram do longa anterior. Sua participação é mais direta com a ação e com os personagens principais, ponto positivo para uma interpretação muito bem executada por Gary Oldman. Não torna-se um personagem chato ou desinteressante em nenhum momento. Sem dúvida é o principal colaborador de Batman, em sua missão de limpar as ruas da cidade, ou de simplesmente dar um exemplo positivo às autoridades e população. Íntegro, trabalha a favor do bem de Gothan. O personagem possui grande aceitação do público, com sua personalidade fascinante, revelando-se como uma das engrenagens para a ação se desenvolver.
Lucius Fox, novamente vivido por Morgan Freeman, regressa como o responsável pelas extravagancias do herói, lhe fornecendo todo o aparato necessário para que o mesmo utilize contra o crime, bem como todo o respaldo essencial para as mais diversas situações. Seus projetos e ações, financiadas pela Empresa Wayne, são criativas e pretenciosas, onde aqui é explorado uma breve possibilidade de suspeita do que o personagem está aprontando. Anthony Michael Hall vive Mike Engel, que por trabalhar na empresa, percebe uma grande movimentação de dinheiro vinda do departamento de Fox, que após uma rápida tentativa de suborno, tem suas expectativas frustradas pelo personagem de Freeman, em uma cena bastante divertida.
Rachel Dawes, como dito anteriormente, perdeu boa parte de seu charme e carisma, conquistados por Katie Holmes, em 2005. Sua personagem é inferior, mesmo carregando uma boa parcela de carga drámatica dentro da trama. A atriz não consegue desenvolver a personagem de forma eficiente, sendo que quando a mesma enfrenta uma situação de grande importância para a trama e personagens, o público não se identifica tanto. Os telespectadores ficam mais ansiosos ao verem as consequências do ato do que propriamente se importam com o destino da personagem. Com certeza é um ponto negativo à trama, que caso mantesse Holmes, talvez o grau de emoção seria ainda maior. Não que a personagem seja totalmente nula, mas que influenciou negativamente, isto é correto afirmar.
Michael Caine continua interpretando o mordomo Alfred de forma impecável. Com suas aparições de luxo, o personagem sempre é carregado de tiradas sarcásticas e decisivas. Mais que um simples mordomo, Alfred possui um vínculo de extrema importância com o protagonista, sendo com certeza, o personagem mais próximo, emocionalmente, de Bruce, dentro do universo proposto por Nolan. Ao longo dos filmes, Alfred deixou de ser um criado e tornou-se um Pai para o herói.
Harvey Dent é mais um dos personagens que se destacam na trama, por sua importância para a mesma, tornando-se um dos mais queridos junto ao público, tendo em vista suas ações para salvar a cidade. O personagem é como se fosse um Batman, só que sem fantasia, já que o mesmo trabalha de forma parecida para acabar com o crime na metrópole. Aaron Eckhart desenvolve um incrível personagem, interessante desde seus primeiros momentos, e mais do que nunca por suas atitudes, onde é um personagem humanizado, criativo, que lida com o crime com maturidade, sendo incorruptível, sendo considerado um herói pela população.
Aqui está um dos trunfos do roteiro e da direção precisa de Nolan. Harvey é desenvolvido incialmente como um personagem fantástico, que daria sua vida por sua cidade, que não joga fácil com os criminodos, sendo um aliado perfeito para Batman. Após a entrada de Coringa, a personalidade de Harvey se constroi novamente, só que desta vez, influenciada por um incidente envolvendo sua amada Rachel. Eckhart cria magistralmente seu personagem, com expressões convincentes e eficientes, sendo que após ter sido criado um vínculo com o público, após exposição de seu cárater, personalidade e ações, o mesmo torna-se um dos maiores inimigos do Homem Morcego, o Duas Caras.
Pequenas sutilezas são mostradas e exploradas ao longo da projeção, como por exemplo o fato de Harvey ser tachado, em determinado momento do filme, de Duas Caras, tendo em vista que seu personagem não fica conhecido com este nome. Após encontrar seu destino, no embate com Batman, o herói vira seu rosto que não fora machucado pelas chamas para cima, mostrando assim que, Harvey não pode ser lembrado como um vilão, mas sim como idealizador de uma Gothan sem criminalidade, objetivo este, que não fora possivel de se cumprir. O nascimento do vilão Duas Caras não é revelado para a população, que conhecerá Harvey Dent apenas como um homem que tentou de várias maneiras salvar sua cidade, sendo até denominado de "O Cavaleiro Branco" de Gothan.
Não existe forma de comentar este longa senão ressaltar toda a importância e o peso que o vilão principal possuiu dentro da trama e fora das telas. O grande vilão do longa, o Coringa (Heath Legder) é quem rouba toda a atenção. Se a falta de um inimigo à 'altura' do herói permeou no longa de 2005, aqui o público se maravilhou com um verdadeiro entregamento por parte de um ator, vivendo talvez um dos maiores vilões de alguma adaptação dos quadrinhos. Ledger construiu um Coringa como nunca tinha sido visto anteriormente, nem mesmo por Nicholson em 89, com seu Coringa maravilhoso, embora exagerado. O Coringa da vez é tudo e mais um pouco. O ator dá show de interpretação e simplesmente dá VIDA ao personagem, com expressões, trejeitos, falas, postura, de se assustar, tamanha perfeição em compor o vilão.
A complexidade do vilão e suas ações, sua personalidade misteriosa e confusa, são elementos que deixaram o longa com cara de obra-prima, onde o inimigo rouba todas as cenas em que está presente, deixando até mesmo o Morcego em segundo plano. Frases de efeito tornaram-se rapidamente destaques da projeção, aumentando ainda mais o marketing do longa. "Por que está tão Sério?" é sem dúvida é a melhor, possui efeito e peso na trama que envolve os personagens principais e conquistou o carisma do público. Coringa não é um simples vilão, que combate o herói para defender algo importante para si, ou para conquistar algo, sendo muito mais que isto. Sua personalidade doentia e complexa vão além.
O personagem mais interessante é sem dúvida alguma, o Coringa. Dono dos principais momentos do longa, realizando com assombrosa eficiencia e brilhantismo, Ledger foi mais do que merecedor do Oscar Póstumo oferecido a ele, por "Melhor Ator Coadjuvante". Caso não houvesse falecido, o ator com certeza, poderia ser reaproveitado por Nolan em seu próximo filme, tendo em vista que o personagem não morre na trama, mas sim encontra seu desfecho ao ser preso, após apanhar de Batman. A destruição do Hospital, o interrogatório na prisão, feito por Batman, a convicção de seu raciocinio, em transformam Harvey Dent, praticamente um herói no longa, em um vilão, os dispositivos nos dois navios, perto do desfecho da projeção, tudo isto são apenas alguns exemplos da maestria com que Ledger encarnou o vilão. O longa é praticamente seu.
Christopher Nolan cria um perfeito clima para sua trama, que é conectada de forma brilhante e eficiente por seus diversos personagens. O desenvolvimento das relações entre os personagens vão acontecendo ao mesmo tempo, onde o ritmo quase nunca é quebrado, e ação está presente a todo momento. A trilha sonora é um show a parte, levando o filme a um patamar maior ainda. Vencedor da categoria de "Melhor Som", a tela de cinema simplesmente vibravam de emoção e adrenalina durante todos os 142 minutos do longa. Toda a euipe técnica realizou um belíssimo trabalho, com efeitos especiais convincentes, uma fotografia afiada e climatizada de forma perfeita, bem como os cenários, os figurinos, todas as categorias estão elevadas de forma maravilhosa.
Não é a toa que este filme é o recordista de comentários no CinePlayers, tendo em vista seu impacto e importância para o universo cinematográfico de adaptações de super-heróis, dos quadrinhos para as telas de cinema. Não é um filme que possui apenas uma parcela quase sem pausa de ação e altas doses de adrenalina, mas possui um conteúdo muito bem organizado e exposto. Uma trama bem amarrada e criativa, com personagens centrais e coadjuvantes que sustentam o roteiro, um clima perfeito para um dos maiores super-heróis agir e se firmar para uma nova geração. Sem dúvida alguma, após os dois longas de Nolan e o terceiro que está por vir, o Homem Morcego recuperou toda a sua dignidade, respeito e sua importância. Agora é esperar que Nolan salve outro herói, que a tempos está perdido: Superman, tendo em vista que o diretor será produtor da próxima tentativa de realizarem um longa do kryptoniano. Nolan já provou que respeita os Super Heróis, e sabe como nunca lhes devolverem o carisma e o respeito perdido, agora é esperar e torcer.
Ao final da projeção em 2008, quando o nome do longa apareceu na tela do cinema, todas as minhas expectativas tinham sido realizadas. A forma como o direto conduziu sua obra, a forma como os personagens se interagiram entre si, o desenvolvimento de cada um deles e do roteiro, o ótimo som, o clima perfeito para um filme do Morcego, tudo isto me encheu de alegria, ao ver novamente o Homem Morcego em alta, levando milhares de fãs aos cinemas. Não há dúvida que o terceiro filme de Nolan irá chegar com o dobro das expectativas, onde já é grande a ansiedade do público em conferir o exemplar. Se este longa superou a barreira de R$ 1 bilhão de dólares em bilheterias, o terceiro capítulo irá muito além, e se tratando da competência e o respeito que o diretor possui pelo universo do super herói, o filme será um estrondoso sucesso de bilheteria e crítica.
"Batman O Cavaleiro das Trevas" é um estrondoso sucesso comercial, provando ser uma das melhores adaptações de um herói dos quadrinhos para as telonas. O filme não decepciona, é diversão garantida, emoção e ação até o final. Batman enfrenta seu maior vilão aqui, com a adrenalina correndo solta a todo momento. É super recomendado para quem quer se divertir, roer as unhas, se emocionar e ao final da projeção, ficar arrepiado com o desfecho arrebatador.
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