A filmografia de Christopher Nolan é deveras fascinante, pois o mesmo já mostrava um domínio sobre a psique humana e o desgaste do mesmo no seu primeiro trabalho, em preto e branco, o que deixa mais cru a película, o interessante Following,lá em meados de 1998. Depois disso, o rapaz explodiu para o mundo do cinema com seu Amnésia, ao desenvolver todo um trabalho de montagem minucioso, junto de uma história bem intrincada, e também trabalhando com a obsessão a respeito de uma resposta. Ao receber a honra de reanimar a Franquia Batman, depois do carnavalesco filme de Joel Schumacher, teve o prazer de apresentar a verdadeira face do Cavaleiro Negro de Gotham. Antes de chegar à sua obra prima, Christopher Nolan ainda conseguiu a proeza de desvincular Batman (Bale) e Wolverine (Jackman) de seus performances em Grande Truque.
Para sua sequência de Batman Begins, Christopher Nolan conseguiu o inimaginável, alavancar ainda mais o nível de seu original, pois se sua Gotham inicial exalava corrupção e criminalidade, em um marrom que denunciava uma sujeira impregnada ao ambiente, a Gotham de The Dark Knight retrata uma falsa mensagem de pacificação, e que mesmo hoje se mostra atual, se compararmos a algumas metrópoles mundiais, nas quais nós agarramos ao menor símbolo de proteção para nos iludirmos com tal sentimento, e a cena na qual um traficante se recusa a vender drogas apenas ao ver o Bat-sinal ligado é prova disso. Reforçando isso, Nolan mergulha sua nova Gotham em um azul-escuro, onde todos parecem estar sempre nas sombras, o que deixa todos com um ar suspeito, pois não sabemos quem estará na próxima esquina.
Nessa situação o roteiro escrito por Jonathan Nolan, Irmão do Diretor, ao lado do sempre competente David S. Goyer, mostra o que a presença de Batman fez a cidade, chegando a ter vários falsos Batman's (olha o símbolo mencionado), obrigando os criminosos do primeiro filme a fazerem suas reuniões em bunkers escondidos, e não em restaurantes como fazia Falcone. Mas isso não significa que tais ações não tragam consequências, mostradas de forma clara no corpo de Bruce e na psicologia do personagem, que surge quase sempre com o rosto fechado e de fala carregada.
Nesse ponto, Cristian Bale torna seu Bruce Wayne/Batman no mais humano dos personagens no cinema, pois ele pode ser qualquer pessoa (que possua dinheiro quase infinito e um cientista tão brilhante quanto Fox à disposição) e é retratado nos momentos em explícita sua procura por um substituto e assim voltar a viver uma vida normal. E o ator não perde a oportunidade de demonstrar o quão é pesado tomar a decisão mais benéfica em prol de um todo, e isso fica claro em um take no qual o mesmo aparece com o uniforme não completamente vestido, mostrando que as ações de um refletem no caminho do outro.
O elenco em si é de se tirar o chapéu, todos estão no melhor dos personagens, Michael Cane dá vida à Alfred não como um mordomo, mas como um verdadeiro mentor, mostrando através de experiências próprias possíveis caminhos ao herói, Maggie Gyllenhall demonstrar firmeza e força a Rachel, ao mesmo que se mostra doce e inteligente, de uma forma de Katie Holmes não pôde. Aaron Eckhart passa credibilidade necessária a seu Harvey Dent, enquanto Gary Oldman mostra toda a dificuldade de ser um policial em Gotham, já Morgan Freeman se diverte com seu Lucius Fox e suas bugigangas para o Homem Morcego.
Mas de nada seria um filme de Heróis sem um vilão, e que Vilão nos é apresentado aqui, ninguém menos que o Coringa, um ser que se utiliza da persona de um palhaço para aterrorizar uma cidade por inteiro. Heather Legder deu a performance de uma vida à seu Joker, todos os maneirismos, referências e tiques, como passar da Língua sobre as cicatrizes a cada instante e também nos momentos de tensão são de uma perfeição única. E o mesmo revela toda a loucura que uma figura como o Batman acarretaria no mundo real, pois não haveria luz sem trevas, e aqui os símbolos voltam novamente, pois o Batman se apresenta como um símbolo de medo e o Coringa como seu oposto um ser alegre, o Palhaço.
Um filme primoroso em todos os sentidos, desde a parte técnica, que preferiu apostar em trucagens reais, nas cenas de ação, e provou que todos temos dois lados em um mesma moeda.
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