"O filme é legal, é divertido, mas é frágil"
Em 1989, Tim Burton, conhecido por seus trabalhos, vamos dizer, góticos, ou melhor, bizarros, deu início a adaptação da estória em quadrinhos do super-herói da DC Comics, Batman. O tom “dark” inserido por Burton foi bem acertado, mostrando uma Gotham City impossível de se viver.
O filme começa com a aparição de Bruce Wayne, já fantasiado de Batman. Sua roupa é mais expressiva do que a que seria futuramente a versão de Christopher Nolan. Mas deixando a outra versão de lado, “Batman” é um filme bem construído, com um roteiro mediano, e, claro, com boas atuações. Aliás, os filmes do homem-morcego sempre foram marcados por boas atuações.
O vilão desse primeiro filme de “Batman” é Jack Napier, futuramente – depois de cair em um ácido, acidentalmente, por culpa de Batman – Coringa, interpretado antologicamente por Jack Nicholson. Nicholson interpreta um Coringa extremamente malvado e muito engraçado. O Coringa de Burton é hilário, ao contrário do Coringa de Nolan, que é malvado, mas na hora de ser engraçado torna-se muito forçado. O Coringa de Jack Nicholson ora é uma pessoa normal, ora uma pessoa vingativa, ora hilário, ora irônico, ora psicopata. Um excelente vilão.
O ator intérprete de Batman, Michael Keaton, não é ruim, mas não foi correto ter sido escolhido para interpretar um super-herói. Esse Batman é magricela, baixinho (nada contra), mas, sinceramente, atualmente com a versão de Nolan fica impossível não comparar os dois. O Batman, o personagem, de Nolan é muito melhor do que o de Burton. Não apenas no físico para um herói, mas sim pela atuação. A atuação de Keaton nesse filme é insossa, sem graça, sem emoção. Exagera na hora que não é para exagerar; fica tímido nas horas que é para se “soltar”.
E os defeitos não param por aí. O filme é legal, é divertido, mas é frágil. O filme não é fraco, mas é frágil. Frágil e fraco não são a mesma coisa. Na minha concepção. O único no elenco que está convincente e forte, infelizmente é Jackson Nicholson. Por quê? A pior coisa que pode existir num filme é um ator carregando nas costas um elenco que não tem cacife para o filme. A única atuação decente, fora a de Nicholson, é a de Kim Basinger, como Vicki, e Michael Gough, como Alfred. O resto é o resto. As atuações são fracas e sem personalidade. Vicki e Alfred apesar de se salvarem são personagens limitados. Eu disse: personagens. Se os atores são bons eu não sei, pois não assisti a nenhum filme que tivesse os dois no elenco, mas os personagens são limitados, enquanto os outros não chegam nem a isso. O Batman até que dá para engolir, mas fica aqui a minha opinião: podia ter sido muito melhor.
Não irei falar dos aspectos técnicos, pois não vivi na época desse filme, portanto não vi nenhum filme e nem tenho noção do que eram bons efeitos visuais e boa fotografia naquela época. Porém arrisco um palpite, a fotografia ainda hoje é bonita, apesar de soar um tanto artificial, mas eu divago... O som é muito razoável, não se destaca durante o filme, pelo contrário, temos uma edição de som e uma trilha sonora seca, mas nada que mereça críticas negativas. Elas apenas exercem suas funções com modéstia. Estão lá e pronto.
Apesar de muitos defeitos, o filme tem uma boa direção de arte. Um exemplo claro são os equipamentos do herói, como o seu carro, que chega a ser mais bonito do que o da versão de 2005 e 2008. Outro ponto positivo do filme são suas cenas antológicas, todas elas envolvendo o personagem de Jack Nicholson, o Coringa. Uma delas é sua dança com Vicki, seguida por sua morte, e outra, em minha opinião, a cena mais marcante do filme: quando ele estraga os quadros presentes no museu, manchando-os de tinta. Uma verdadeira loucura aquela cena, e mais uma vez Nicholson dá um show de interpretação. Sinceramente, vários elementos fazem desse Coringa superior ao de Heath Ledger, que me desculpe, deixa a desejar em alguns aspectos, como eu já mencionei anteriormente.
Assim, com um filme interessante e divertido, Tim Burton marcou o cinema com a sua versão de “Batman”, com muitas cenas antológicas, e outras cenas, que apesar de deixarem a desejar, cumprem bem o seu papel. Um bom filme...
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