Fico pensando como as mulheres reagem a determinados filmes. Há uma boa razão para os homens assistirem Beleza Adormecida, mas seria uma obra criada apenas para o público masculino?
Em Beleza Adormecida, acompanhamos a vida de Lucy (Emily Browning). Universitária graças a um programa de financiamento estudantil, ganha a vida em sub-empregos como garçonete, operadora de máquina de fotocópia ou servindo de cobaia em experimentos científicos. Mesmo assim, mal consegue pagar o aluguel que divide com dois “amigos”. A situação muda quando aceita um emprego em uma agência exótica de acompanhantes.
Em resumo, o filme é regular. Ao mesmo tempo em que falha como entretenimento, é bem rico filosoficamente falando (ou disfarça bem o fundo do pires). Dentre várias classificações dos seres vivos segundo o budismo, Lucy pode ser colocada na de animal. Busca o preenchimento de suas necessidades básicas, sem mais expectativas ou reflexões. Ao menos é o que aparenta à primeira vista. Moradia, comida e lazer. Sexo por dinheiro, sexo por prazer, drogas para esquecer uma vida que parece não ter sentido. A luta pela sobrevivência a leva a um tipo de prostituição exótica permitida por sua beleza singular. Lucy é contratada apenas para dormir, ficando exposta às taras de homens velhos e ricos, que podem fazer o que quiserem com seu corpo, exceto deixar marcas ou penetrá-la. Uma necrofilia invertida, na qual é o morto que quer copular com o vivo. As (muitas) cenas de nudez não são exatamente eróticas, e a personagem parece fazer questão de não ser sensual. Mesmo assim, gera uma atração absurda. O filme é tão silencioso quanto ela e revela bem pouco. Termina como começa. Torna o espectador um voyer que conhece todo o seu corpo, mas não pode chegar perto o bastante para tocá-lo. Ao menos limpa a vista.
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