Beleza Americana (1999)
(Texto postado no blog Uma Dica de Cultura. Link: http://umadicadecultura.blogspot.com.br/2015/11/beleza-americana-1999_28.html).
Você já esteve diante da beleza? Eu não estou falando da beleza no seu sentido estético, propriamente. Eu estou falando da beleza no seu sentido “divino”, redentor; eu estou falando daquelas situações em que uma coisa ou a atitude de uma pessoa faz com que nós voltemos, mesmo que apenas por um instante, a ter fé na viabilidade da vida.
Viver vale a pena, e a beleza pode ser o “start” de sua redenção. Essa parece ser, no fim das contas, a mensagem que o filme Beleza Americana quer nos passar. Ele foi lançado no ano de 1999 e foi dirigido por Sam Mendes; além disso, é importante colocar que ele foi o ganhador de 5 estatuetas do Oscar: melhor filme, melhor diretor, melhor ator, melhor roteiro e melhor direção de fotografia.
O ator Kevin Spacey, ganhador da estatueta de melhor ator, é o narrador em primeira pessoa e o protagonista do filme. Ele é Lester Burnham, um homem que odeia o seu trabalho e vive à sombra de sua esposa, Carolyn (Annette Bening), uma ambiciosa corretora de imóveis que tenta uma aproximação com Buddy Kane (Peter Gallagher), um bem-sucedido empreendedor do mesmo ramo que o seu.
Lester e Carolyn têm uma filha, Jane (Thora Birch), uma típica adolescente mal-humorada e com baixa autoestima que tem uma atração fulminante por seu vizinho recém-chegado ao bairro, Ricky Fitts (Wes Bentley), um jovem estudante que ganha a vida vendendo drogas, mas finge ter um trabalho formal sério para enganar o seu pai, um coronel aposentado autoritário e homofóbico, com quem ele já teve problemas no passado. Ricky tem o hábito estranho de filmar coisas e pessoas em público, o que faz com que pareça uma pessoa muito esquisita. Ao longo do filme, percebemos que talvez ele seja a única pessoa normal do enredo.
Logo no início do filme, Lester, como um narrador situado no futuro, nos diz que ele morrerá em breve. Então, ele passa a nos contar como foram os seus últimos meses aqui na Terra. E eles foram meses de redenção. Isso porque ele se apaixona perdidamente pela melhor amiga de sua filha, a deslumbrante Angela Hayes (Mena Suvari), uma adolescente que se gaba de sua beleza e do modo como os homens sempre ficam de quatro por ela; ela quer ser modelo e nunca perde a chance de contar as suas experiências sexuais para Jane.
Ocorre que a sua paixão é um tanto quanto recíproca: Angela dá bola para ele. Então, de repente, Lester, um homem na crise da meia idade, que odeia o seu trabalho e é submisso a tudo e a todos, sobretudo à sua esposa, passa a ter um motivo forte para voltar a ter autoestima e ver sentido na existência: a beleza fantástica e redentora da melhor amiga adolescente de sua filha.
Assim, Lester se transforma em outra pessoa. Ele sai de sua inércia de pessoa derrotada pela vida e começa a se exercitar, dá um pé na bunda de seus chefes escrotos, confronta a autoridade de sua esposa e começa a usar maconha para relaxar. O loser do começo do filme dá lugar a um cara realmente divertido e cheio de vida, a despeito da imposição de valores imposta pela classe-média entorpecida pelo sonho americano de sua vizinhança. Antes de morrer, Lester vislumbrou e vivenciou a beleza que dá graça à vida, concretizada pela sua paixão, ao mesmo tempo ideal e concreta, por Angela. Beleza não no seu sentido estético, mas no seu sentido “divino”, redentor.
Bom, eu fico por aqui. Essa é a dica do dia. Caso o meu amigo leitor queira saber no que vai dar essa aventura, bem como as razões da morte de Lester, ele vai ter de ver o filme mesmo.
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