Bling Ring: A Gangue de Hollywood
Está realmente difícil achar nos dias de hoje algo que se comunique diretamente com a juventude ou sobre a juventude em si. Principalmente por que há equívocos históricos que amarram os filmes observando ela como uma fase passageira de revolta e puberdade. Eis que Sofia Coppola por mais que com todos os seus erros e pedantismos nos traz Bling Ring – A Gangue de Hollywood(Bling Ring, 2013), que dentre os seus filmes tenta se comunicar diretamente sem mais delongas, indo direto para a sociedade polêmica de Hollywood(ou melhor, Los Angeles como um todo), para abordar sem novidade alguma da história baseada em fatos reais, a gangue de jovens que roubaram em Los Angeles.
O trabalho de Sofia, aqui é quase o de uma jornalista, observa e transporta para a tela(ao invés da escrita), um espião. Não há parcialidade nos argumentos de Coppola, é tudo denso e sólido, o máximo que ela chega a fazer para o espectador é slow motions e posições de câmera, mas não dá a sua opinião, e talvez por isso no mercado, Bling Ring seja um destaque para se observar de perto. Se em Maria Antonieta(Marie-Antoniette, 2006), ficávamos cansados de ver os planos repetitivos de Coppola, aqui temos uma visão além e crítica – ainda há de nascer um cinismo tão potente quanto o de Sofia Coppola – de uma sociedade calcada na fama, simplesmente a fama.
Se os vídeos do youtube, as bombas lançadas na internet, virão grandes sucessos(para o bem ou para o mal), o cinema de Coppola esta aí para demonstrar não aquilo que a televisão(e muitos filmes) está acostumada a enxergar, como por exemplo, o lado bom de ser chamado “loser” na escola – Glee que o diga – ao invés de incentivo fantasiado(por que estamos em uma era onde as pessoas realmente consideram algo bom, por exemplo, serem chamadas de “nerd”, “perdedores”, simplesmente mudaram o significado de todos esses adjetivos), temos como consequência o impulso do jovem a roubar, a crescer, por que o grupo em sua volta é cruel, assim, a ganância de roubar cada vez mais aumenta e muito mais ainda a ostentação, que não é algo novo porém, que só em pleno século XXI foi nomeado, assim como o bullying, por isso que a mensagem de Coppola é deliciosa e crítica por que não passeamos em uma visão totalmente devastadora sobre tudo o que está acerca dela e de nós, mas sim em fatos que ela como cineasta não se vê no direito de rebaixar(o que não é um fator bom ou ruim, mas torna o filme muito mais universal) .
Também não entramos em mundo chato, ninguém da gangue é rejeitado – exceto Marc(Israel Broussard), que só entra no grupo das patricinhas por que ele considera essa sua única alternativa de socializar na nova escola – todos tem vidas no mínimo boas, vivem casas luxuosas e recebem o que querem, são verdadeiros filhinhos de papai insatisfeitos formando assim uma gangue que invade a casa de Paris Hilton e outras celebridades(algo que fica cansativo, porém vai aumentado o risco até que a polícia os encontrem, uma técnica eficiente de Coppola de criar um pouco de suspense). A relação com celebridades é sem dúvidas o maior atrativo de Bling Ring, principalmente por que muitos verão por causa da ex-Hermione, Emma Watson, que realmente é um instrumento bastante eficaz por que trata-se de uma celebridade interpretando uma celebridade da internet(por mais passageiro que tenha sido o sucesso de Nicki) que ficou famosa por roubar famosos e Emma é com certeza um grande símbolo no mercado atual. E querendo ou não, Bling Ring é uma história que praticamente impede que Coppola coloque doses monótonas na tela, por que é divertido e se trata de uma história rápida e ajuda a amadurecer seu cinema, pois aqui temos para o grande público em linguagem fácil, a visão de sua crítica.
É possível que Sofia nunca tenha entrado muito adentro na questão do jovem atual(por mais que Encontros e Desencontros seja perfeito, praticamente nada nele apresenta algum conteúdo direto que expresse sua visão sobre a atualidade, ou melhor crítica indecisa sobre a juventude, o que a destaca em outro patamar, o patamar daqueles que sabem transmitir uma linguagem fácil sem se decidir sobre o futuro, esse que para ela é tão incerto e realmente é), fotos pra lá, Chanel pra cá, cachorros para todos os cantos, carros de luxo, carteiras, perfumes, drogas, festas e uma narrativa, ou melhor reportagem curta resumida sobre toda a exposição dos artistas. Por mais negativo que isso pareça ser, um jovem não fica triste ao saber que depois que tudo o que fez, todos os crimes e delitos, ele terá milhares pedidos de amizade, fãs clubes e sua popularidade cresceu a níveis mundiais. Aí sim, seu objetivo realmente chega, se foi a sociedade que construiu esses princípios ou não, Coppola não se manifesta(talvez seu filme e sua pessoa também faça parte mesmo que menor, do time desse time, por que afinal, ela também faz parte de toda essa cultura pop), o seu simples recado está dado, agora basta apenas clicar em “curtir”.
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