Como é gostoso assistir a um filme de John Wayne, a personificação máxima do caubói nos cinemas. O astro é tão eficiente no que faz que o torna uma diversão inigualável dentro do gênero, fazendo do mesmo uma atração a mais dentro do próprio filme que estrela. Em Bravura Indômita foi reconhecido pela academia recebendo o único Oscar de sua carreira, em um sinal de devoção meio tardia, tendo em vista inúmeros clássicos antecessores em que sua atuação se destacou, porém outros conquistaram a mesma atenção, acabando por assim ganhar a estatueta no lugar do mestre do faroeste. Merecimentos a parte, Wayne interpreta de forma soberba o valentão e alcoólatra Rooster Cogburn, dono de uma empatia fantástica que angaria a atenção e o interesse do telespectador para cada passo e movimento realizado pelo fantástico personagem. Corajoso e sempre disposto a um duelo, Cogburn nos faz lembrar grandes figuras desta incrível carreira de Wayne, reservando uma dose saudosista muito bem vinda, sem contar o frescor sempre renovável de suas performances quando o assunto é desafiar o perigo e nos fazer sorrir após suas tiradas sensacionais.
Bravura Indômita é dinâmico, divertido e heróico, guardando para o desfecho um duelo que vai fazer qualquer um ficar espantado com o nível de adrenalina injetado pelo diretor Henry Hathaway, onde a cada instante uma surpresa é inserido em tela, com muitos momentos de reviravoltas e jogadas que farão a trama mergulhar em um suspense maravilhoso, ganhando assim o público, que se pega totalmente maravilhado e inserido neste local pouco convidativo, lugar este onde só os fortes têm vez. Desde sua encantadora abertura, a história nos leva a lugares exuberantes, em locações filmadas em uma reserva florestal que nos traz todos os elementos que fazem deste gênero ser o que é. Características e detalhes é que não faltam à obra, que lhe confere caráter e personalidade de uma forma arrebatadora, com uma direção impecável e um auxílio sempre bem vindo de uma trilha inspirada. Ladeada a tudo isto temos o trio principal, o já citado Wayne está acompanhado do atrapalhado mas destemido La Bife e de garota mais osso duro de roer que não vai descansar um minuto sequer para vingar a morte de seu pai, morto pelo vilão da história.
É um filme de caçada, que requer inteligência de sobra na hora de dar o passo a frente, muita cautela e coragem na hora de desafiar os inimigos. É neste jogo de cão e gato que a história de Bravura Indômita se desenvolve, nunca perdendo o pique ou a diversão, e mesmo que em momentos a ação desenfreada é bruscamente interrompida, o clima de entretenimento genuíno se mantém, garantindo assim excelentes passagens para o público. Kim Darby é um dos maiores achados do filme e se destaca com uma atuação de tirar o chapéu. Inteligente, forte e intimista, batalha do inicio ao fim para se impor a um mundo que não lhe é tão comum, entre os homens mais durões do oeste. Torcemos por ela desde o começo, graças a seu brilhante trabalho de composição de personagem, que rapidamente conquista o público e o carrega consigo até o derradeiro adeus, que fará muitos se encolherem na poltrona. Realmente a garota desempenha um papel que por si só se mostra complicadíssimo, levando em consideração estar em meio a um mundo totalmente incomum para sua idade e fragilidade (o que menos a garota tem, diga-se de passagem).
Com paisagens de tirar o fôlego, considero distrações ao público na tentativa de conferir beleza paralela a cenas violentas e forte tensão, que é jogada ao ar a cada respiração ou suor derramado pelos personagens. Momentos divertidos como as negociações sempre carismáticas de Darby ou passagens sangrentas como o ataque aos caubóis da cabana na colina ou o ataque do vilão em um poço contento cascavéis, são mesclados com eficiência neste clássico inesquecível do velho oeste. Tamanha é sua importância para a sétima arte que recentemente ganhou um remake capitaneado pelos irmãos Coen, levando Jeff Bridges a interpretar o rabugento e carismático Cogburn. Reconhecimento a talentos como estes são sempre bem vindos, fazendo desta maneira que uma nova geração conheça toda a magnitude e a exuberância de gênero tão belo e marcante. O Oscar foi conferido a tempo (já que Wayne iria fazer um último filme em 76, ironicamente intitulado na época como O Último Pistoleiro, antes de sucumbir ao câncer), deixando o registro certo para o homem certo. Quando lhe perguntarem quem foi o melhor ator do ano de 1969, você saberá responder com certeza: John Wayne, o maior caubói de todos os tempos.
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