A prostituta Bruna Surfistinha teve destaque e sucesso nacional com o seu blog, onde contatava as peripécias de seus clientes, avaliava-los e dava notas para suas performasses. Além de claro, relatar contos eróticos e outras situações relacionadas ao sexo. Com o sucesso do blog logo um livro foi encomendado e posteriormente com a venda absurda de exemplares surgiu também o filme...
O livro lançado em 2005 vendeu mais de 250 mil exemplares, foi traduzido para mais de 15 idiomas, rendeu uma cadeira na Academia Brasileira de letras para Raquel, mais duas continuações e com o exito das vendagens permitiu que Raquel largasse enfim a carreira de vendagem de prazer, puta que pariu...
Gostaria de dizer que o livro "O Doce Veneno do Escorpião" não é nenhum expoente da literatura nacional, tampouco um marco cultural de uma época, é simplesmente uma história da filha de uma família de classe média paulistana que sofre pressões internas e resolve abandonar a vida burguesa aos 17 anos para tornar-se uma prostituta, pronto! Não é apologia a prostituição nem a cocaína ou uma romantização do pornô nem marginalização das prostitutas é somente a materialização da garantia constitucional do direito de livre expressão...
O livro mistura muitas passagens da vida de Raquel com a de Bruna, e parece que constantemente uma conversa com a outra. Ao longo do texto percebemos que Bruna e Raquel são a mesma pessoa, que uma construiu a outra, quanto à adaptação cinematográfica o roteiro meio que perdeu essa característica não cronológica do livro. Ele tem um começo, um meio e um fim, uma narradora em 1ª pessoa e me pareceu vender uma história de superação e valores, tudo muito bonitinho e com final feliz...
O que atrai para o filme, assim como para o livro, não é o lirismo que o permeia, mas a curiosidade que o ser humano tem de ver as pessoas fazendo sexo, principalmente nós brasileiros que adoramos uma putaria! Sim você pode discordar de mim, mas tenho certeza que em algum momento de sua vida você imaginou alguma perversãozinha ou outra. Então o sucesso da história de Bruna Surfistinha é em suma a curiosidade que temos em saber o que permeia o sexo, como podemos ser melhores na cama e saber de casos e mais casos relacionados ao "vuco-vuco"...
O diretor Marcus Baldini não tem uma tarefa ingrata e nem remeteria moldes de um Martin Scorsese, apresenta bons enquadramentos, fotografia e direção de arte discretas, somente a montagem que eu achei que se perdeu um pouco, ou quando em determinados momentos a fita parece ser um vídeo-clip do Skank e mais pro final adota tons cartunescos e bastante canastrão...
Mas o grande destaque de “Bruna Surfistinha” é, sem sombra de duvidas, Débora Secco. Apesar de eu não achar que ela convenceu como adolescente ela encarna com louvor a prostituta mais conhecida do Brasil. Da mulher destemida à assustada e perdida no meio de um mundo de ilusões e promessas. Da mulher que sente orgulho de sua independência à garota que ainda se sente humilhada quando confrontada com pessoas de seu passado(a cena com o irmão é show de bola). Secco demonstra domínio do seu personagem nas cenas dos seus primeiros programas em que ela transparece pelo olhar a dor física e espiritual de estar comercializando seu corpo e quando mostra o salto de Bruna Surfistinha como personalidade conhecida na internet, prostituta bem sucedida, mas que se perde em sua própria prepotência e desconhecimento de limites. A única coisa que matou o texto foi a redenção dela ao amor, mas isso não foi culpa do roteirista, pois é o próprio enfoque que Raquel deu em seu blog ao anunciar sua aposentadoria como garota de programa.
Destaque também ao elenco secundário representado pelas atrizes Fabíula Nascimento(delícia!)(Janine), Cristina Lago (Gabi), Erika Puga (Mel), Simone Illiescu (Yasmim), Brenda Ligia (Kelly) e Guta Ruiz (Carol) todas estão bem. Fiqueitambém feliz ao ver Drica Moraes em participação especial esbanjando talento e saúde. Só para constar, Bruna Surfistinha faz rápida aparição no filme, na cena em que Hudson leva Bruna para jantar. A verdadeira Bruna é a hostess do requintado restaurante.
Vamos ser sinceros, eu só fui ver o filme por causa da Debora Secco, vai ser gostosa assim lá em casa! Por aquela mulher eu punha uma coleira e ficava de quatro o resto da vida! Mas o filme até que me surpreendeu positivamente... Para uma tarde/noite de domingo é claro...
Vão me chamar de punheteiro, mas acho que o filme podia ser MAIS ousado ainda.
kkkkkkkkkkkkkkkkk
Poderia mesmo! Brasil é sua falsa censura!