Spin-off da franquia Transformers surpreende e é o melhor filme da saga
O primeiro live-action baseado na popular linha de brinquedos Transformers, muito populares nos anos 80, chegou ao cinemas em 2007 pelas mãos de Michael Bay e com produção de Steven Spielberg. A primeira aventura dos robôs gigantes que se transformam em carros surpreendeu a muitos pelo carisma, bom humor, canastrice e pelos espetaculares efeitos visuais!
Com o sucesso do primeiro filme, o diretor Michael Bay ficou mais à vontade no posto de diretor, o que acarretou em uma sequência exagerada e confusa, responsável pela “vitória” do filme no Framboesa de Ouro daquele ano.
Felizmente a franquia, embora ainda a aquém do primeiro longa, veio em uma crescente de qualidade, com um terceiro filme regular, um quarto muito bom, apesar de exagerado e um quinto filme bastante interessante.
Contudo, o resultado nas bilheterias do quinto filme, intitulado O Último Cavaleiro, refletiu o que os produtores temiam: a franquia estava se desgastando!
Como Bumblebee seria o primeiro derivado da franquia e já estava em produção quando O Último Cavaleiro foi lançado, não valia a pena para Paramount cancelar o lançamento do longa, que chegou aos cinemas recheado de dúvidas.
Eis que Bumblebee chegou aos cinemas e provou o que muitos nunca sonharam em acontecer: É possível fazer um filme pequeno em uma franquia grande e exagerada, tão criticada pelos excessos.
A trama apresenta a guerra civil de Cybertron em seu ápice, o que obrigou a vários autobots a deixarem o planeta em guerra e se refugiarem em mundos distantes. Bumblebee acabou pousando na terra, onde se manteve escondido até ser descoberto por Charlie Watson (Hailee Steinfeld), que decide cuidar do alienígena e mantê-lo em segredo. Contudo, uma unidade dos decepticons também vem a Terra para caçar Bee, que deve lutar pela sua vida e pela vida da jovem Charlie. Ao mesmo tempo, uma equipe de agentes especiais liderada pelo Agente Burns (John Cena) também está a procura do Autobot.
A primeira coisa que deve ser destacada em Bumblebee em relação aos outros filmes da franquia é a direção de Travis Knight, que realizou um trabalho muito diferente da direção de Michael Bay, pra não dizer que ele fez o oposto. Enquanto Bay apostava em um filme grandioso, recheado de batalhas épicas e destruição, o filme de Knight é mais familiar, mais humano, com cenas de ação isoladas e uma trama bastante simples, como se fosse um filme “Sessão da Tarde” tradicional.
Entretanto, mesmo que a própria trama peça por um filme em menor escala, a diferença no estilo da direção de Knight em comparação com Bay é gritante. Aqui temos cenas de ação filmadas de forma mais compreensiva, sem câmera tremida, closes desnecessários, excessos de cortes e outras coisas que Michael Bay adora. Travis Knight trouxe compreensão às cenas de ação, planos longos e abertos, possibilitando uma rica imersão na ação e um belo espetáculo visual.
Além das cenas de ação, Travis Knight trouxe novos conceitos à franquia. Como a maior valorização da figura feminina através da personagem Charlie, que apesar de ser muito bonita, em nenhum momento é sexualizada, além de manter uma personalidade forte e corajosa, mesmo que ainda mantenha uma forte sensibilidade e demonstrando fraqueza em relação a um acontecimento trágico do passado.
A figura do herói de guerra também foi alterada. Enquanto que existia uma evidente e bizarra mensagem pró-guerra nos outros filmes da franquia, em Bumblebee as coisas são diferentes. Bee é um bravo soldado que ficou altamente traumatizado com a guerra, e o filme mostra esse lado, o lado humano de um soldado alienígena, que se mostra mais humano que muitos personagens humanos dos outros filmes. Em determinada cena, Bumblebee tem a oportunidade de revidar e se vingar de um inimigo, o que nos filmes de Michael Bay seria tido como um momento de heroísmo, mas que aqui é assustador, fazendo com que a protagonista humana o impeça de lutar, como se a luta fosse um erro, o que automaticamente leva o publica a lembrar de O Gigante de Ferro (The Iron Giant, 1999), longa que serviu de inspiração para o tom de Bumblebee, assim como para a dinâmica entre a dupla principal.
Até mesmo a figura do soldado americano, que era o herói nos filmes anteriores, aqui se mostra como o vilão.
A trilha sonora é um show a parte, com icônicas músicas dos anos 80, que além de ajudarem como ornamento para localização da época, são responsáveis por manter o ritmo animado, além de rechear os momentos mais cômicos, que chegam a ser emocionantes devido ao desenvolvimento do laço de amizade entre a dupla principal.
O principal defeito do filme pode ser também a sua maior qualidade, pois, para o bem ou para o mal, este é um filme diferente de todos os outros da franquia, e considerando que Transformers é uma franquia com um fã clube considerável, é possível que muitos destes fãs rejeitem o novo longa devido ao seu tom menos épico. Até mesmo o visual dos robôs é diferente aqui, onde eles são mais cartunizados, parecendo brinquedos, sem muita riqueza de detalhes como nos outros filmes, apesar dos efeitos visuais continuarem perfeitos.
No geral, Bumblebee é um filme sobre amizade, superação, aceitação das diferenças e traumas de guerra, além de ser muito divertido e emocionante.
Agora vamos aguardar para saber o que essa franquia tão controversa nos reserva para o futuro, e como os resultados de Bumblebee podem influenciar nesse futuro, já que apesar do final do longa fazer ligação com o começo do primeiro filme, quem conhece o cânone de Transformers sabe que Bumblebee ignora algumas coisas, nos fazendo pensar se este novo filme não seria um reboot.
Teremos que esperar pra ver...
Excelente comentário sobre o filme, bem detalhista e completo. Curti bastante esse filme. Pena que muitos não viram pensando ser um filme do michael bay ou so mais um filme de explosões, mas se engam porque este tem coração. Bumblebee é de longe e facilmente o melhor filme do transformers, Filmaço!
Eu queria muito que o filme tivesse feito sucesso e quem sabe iniciar uma nova saga para os Transformers no cinema a partir de filmes menores como esse. Uma pena...