“Ele massacrou nossos homens, nossos irmãos, nossos filhos. Os mortos nos gritam por justiça.”
Existem boas ideias em Busca Implacável 2. O grande problema da continuação do surpreendente sucesso de 2008 é que é apenas mais uma daquelas sequencias que praticamente recria o original e no caminho dilui parte de seus acertos. E aí entra o grande diferencial desse para outro filme de ação em que um “mocinho” aparentemente indestrutível empilha corpos em uma jornada pessoal: Liam Neeson. É incrível a intensidade e realismo que o ator norte-irlandês confere ao ex-agente da CIA Bryan Mills. Não importa o que o personagem faz em tela, você aceita por que Neeson te faz aceitar. Aliás, mesmo quando a decupagem caótica de Olivier Megaton, substituindo aqui Pierre Morel do primeiro filme, lhe impede de entender o que Bryan faz, você ainda assim aceita que ele acaba de fazer algo foda, por que Neeson lhe faz aceitar.
Daí que as melhores cenas do filme são aquelas que refletem a frieza, autoconfiança e inteligência demonstrada quando sua filha, Kim (Maggie Grace) era sequestrada no filme anterior – como esquecer o “Vou te procurar. Vou te encontrar. E vou te matar.”? -, como o momento em que mesmo com a esposa (Famke Janssen) sangrando à sua frente, preso em um cativeiro guardado por dezenas de “vilões” e com sua filha correndo sérios riscos de ser sequestrada também, o personagem segue racional ao extremo a ponto de passar instruções para a garota que a levem a encontrar o local exato em que está preso. Da mesma forma, aos 60 anos de idade, surpreende a intensidade de Neeson nas cenas de ação, seja à bordo de um carro em movimento atirando em um veículo que o persegue, seja em cenas de luta que, infelizmente, perdem parte de sua eficiência ao serem filmadas em uma profusão de cortes que impede que vejamos nitidamente o que ocorre.
Até por que de resto o filme até perto de seu fim é só um repeteco do anterior: Liam Neeson badass destruindo tudo enquanto corre contra o tempo para salvar um familiar – sai a filha, entra a esposa - em outro país – sai a França, entra a Turquia. Aí lá pelo fim, sim, a coisa muda de figura e fica mais interessante do ponto de vista dramático, com uma discussão – superficial, ok, além de resolvida de forma óbvia, mas já é mais do que se poderia esperar do filme até então – sobre o ciclo sem fim de violência e morte alimentado pelo desejo de vingança de Bryan e dos parentes dos homens mortos por ele no primeiro filme, os grandes “vilões” dessa sequencia. Ver o personagem tentando ir contra si mesmo e estabelecer um “acordo de paz” com o líder deles por já estar cansado das matanças que parecem não acabar é o grande momento do filme, jogado fora em prol de um desfecho que precisa se render ao espetáculo de sangue, infelizmente.
Mas tirando as esteriotipações costumeiras no que tange aos vilões desse tipo de produção e à ideia incompreensível que os roteiristas - Luc Besson e Robert Mark Kamen - tiveram de colocar Kim como uma espécie de ajudante de Bryan em algumas cenas de ação – sim, isso é sério, a jovem que foi sequestrada no filme anterior, luta para superar o trauma e descobre que os pais foram sequestrados, se torna uma espécie de chutadora de bundas mesmo sem nenhum treinamento ou algo do tipo, bem convincente -, Busca Implacável 2 é um filme bacana, daqueles que entretém mesmo que a sensação final seja a de que talvez nem precisasse existir. É bem menos do que o primeiro ofereceu, mas sinceramente, é mais do que poderíamos imaginar quando Liam Neeson era anunciado alguns anos atrás como estrela de um filme de ação saído diretamente dos anos 80.
É uma boa continuação é só, feita sob medida para fazer verdinhas. Quem diria que Liam Neeson tocaria o terror por aí? Texto irretocável, pra variar Pedrão, parabéns!
Tão bom quanto o primeiro.
Valeu, Lucas.
Victor, sou fissurado no primeiro. Gosto bem menos desse, que acho "só" bom. Já o terceiro, sim, acho tão bom quanto o primeiro, que é ótimo.
haha o terceiro ainda vou conferir.
Pelo que noto essa franquia terminou sendo um plausível tiro no escuro, bons filmes. Sem contar que eu não diria que Liam Neeson iria ser um nome lembrado dentro do gênero.