“Eu sei que você conhece muitas pessoas, e que com um bom advogado você estará livre em alguns anos. E então eu vou atrás de você. Eu vou encontrar você, e nós dois sabemos o que vai acontecer.”
Alguém que vai ao cinema conferir Busca Implacável 3 já imagina que ao final do filme o Bryan Mill de Liam Neeson vai ter liquidado os vilões do filme e salvado sua família – ou, no caso, sua filha, Kim (Maggie Grace), já que a ex-esposa, Lenore (Famke Janssen) é morta logo na primeira parte do filme. A graça da coisa então passa a ser uma daquelas frases que tanto quanto clichês são verdadeiras: o que importa aqui é menos o final da jornada e mais a jornada em si. Sabemos que Bryan vai chutar bundas a torto e a direito e usar suas “habilidades especiais” desenvolvidas em sua carreira na CIA para encontrar e matar quem ameaça sua família, mas é irresistível ver COMO ele fará isso.
Dito isso, é um alivio ver que ao contrário da segunda aventura do personagem de Neeson, praticamente uma recriação do primeiro filme em outro cenário, esse Busca Implacável 3 investe em uma trama nova, apresentando Bryan como o principal suspeito do assassinato de Lenore, lutando para provar sua inocência ao mesmo tempo em que busca descobrir os verdadeiros culpados do crime. Esse ponto de partida coloca o protagonista contra três adversários dessa vez: a polícia, um mafioso russo e um terceiro revelado apenas perto do fim. Isso por si só dá uma nova injeção de ânimo à franquia, já que força Bryan a ter cuidado redobrado em suas missões ao mesmo tempo que lhe força a exigir ainda mais de sua inteligência e vitalidade física, afinal, tanto os russos quanto os oficiais liderados pelo personagem de Forest Whitaker se mostram dignos de ambas.
Mas é mesmo ao colocar Bryan, sujeito excessivamente racional, em uma narrativa de melancolia acentuada que Busca Implacável 3 encontra seus melhores momentos. É aí que acompanhamos como mesmo sob a pressão de suas emoções, o personagem de Neeson não deixa de ser um sujeito brilhante e pragmático, deixando o choque por descobrir o corpo sem vida da mulher que ama em apenas alguns instantes para escapar de uma tentativa de prisão; transformando a ligação para a filha, onde a informa sobre a morte de sua mãe, em uma chance de passar instruções sobre a situação que viverão em seguida, com ele sendo acusado do assassinato; e claro, naquela que talvez é a melhor cena do filme, Bryan aproveitando o último toque nos cabelos de sua amada para ficar com alguns fios, amostras de DNA que poderão lhe ser útil em sua missão.
Ganhando pontos também por finalmente apresentar uma trilha sonora empolgante para a ação, Busca Implacável 3, no entanto, perde outros tantos pela direção de Olivier Megaton, novamente péssimo em estabelecer a geografia e a movimentação das cenas de luta, o que aliado ao excesso de cortes acaba tornando difícil entender como e em que momento o personagem de Liam Neeson vence seus inimigos. Por outro lado, merecem aplausos algumas ligações discretas estabelecidas entre a produção e o primeiro filme da série, como quando Bryan deseja para o personagem de Whitaker “boa sorte” quando ele lhe diz que irá prendê-lo, remetendo a cena mais marcante do filme de 2008. Além disso, vale notar como o roteiro escrito por Luc Besson e Robert Mark Kamen finalmente consegue tornar Kim uma personagem minimamente interessante – no que contribui a clara evolução de Grace como intérprete.
Mas é mesmo Liam Neeson o grande responsável pela franquia funcionar, com seu carisma imensurável e o tato para heróis de ação tardiamente descoberto – em Busca Implacável ele estava com 56 anos -, mas largamente explorado desde então. É Neeson que faz Busca Implacável ser um entretenimento de primaiera mesmo que a rigor não apresente nada que já não tenhamos visto. É Neeson que faz valer a tal jornada mencionada no começo desse texto. E é Neeson que me fará novamente correr ao cinema caso venha a existir um Busca Implacável 4.
Liam Neeson é ótimo e desde já faço campanha para que o ator seja o próximo James Bond, pelos últimos filmes do gênero que vem fazendo, ele merece! [2]
Porra, Neeson e Bond ia ser foda mesmo 😎
Ainda queria ver ele como vilão de Os Mercenários também, ia ser punk.