Um filme necessário, mas vê-lo uma única vez já foi o suficiente.
Me incomodo como pode soar arrogante atestar minha opinião, porém não posso negar que seja essa a conclusão que chego depois de assistir esse clássico que habitou por tanto tempo em meu imaginário. A grande história de amor incondicional, a amargura da inclemente guerra, os diálogos com frases de efeito e, claro, a clássica trilha sonora, tudo está em Casablanca, mas infelizmente já não funciona muito bem.
O filme nos remete à implacável nostalgia daquele bom tempo que, falo no plural porque falo por muitos, não vivemos. A época de ouro do cinema está ali, a história do cinema está passando em nossa sala, ali na nossa frente, e merece muito ser saudada e isso é o que mais emociona em tudo de Casablanca. Da trama às atuações, é a década de 40 sintetizada em um único filme, talvez o mais emblemático dessa era. E ocorre o que é quase inevitável com todos os grandes símbolos, se transformou em um grande marco, e, outro destino comum de coisas tão grandiosas, sua força se esvaiu com o passar do tempo.
A história tem aqueles mágicos e necessários probleminhas que só o cinema nos permite que existam, os desfechos tão dramáticos e as inexplicáveis mudanças de características e até do caráter dos personagens durante a trama, não que isso seja um problema temporal, mas é que essas mudanças não funcionam mais nessa velocidade, talvez hoje exigimos mais tempo e mais tentativas, afinal a nossa teimosia vem sendo aperfeiçoada por gerações, para sermos persuadidos que o absurdo faz sentido, e além de tudo é uma saída bem viável. A narrativa apresentada em Casablanca, infelizmente hoje não funciona com o mesmo impacto de outros tempos.
Mas é claro, sempre foi e continuará sendo um filme obrigatório a todos que gostam e reverenciam o cinema, não é minha insignificante opinião que mudará a história do cinema. Então recomendo a todos que assistam esse clássico e sinceramente torço que, por aquelas coisas mágicas que acontecem só com o cinema e a música, Casablanca funcione mais pra você do que funcionou pra mim. Que vocês sempre tenham Paris, infelizmente eu não tive.
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