O que mais chama a atenção no modo como Scorsese aborda o “gangsterismo” em seus filmes está justamente no fato de que eles, parecem pertencer a todos os gêneros/estilos, menos ao de um filme de gângster. O drama de suas personagens, suas trajetórias, histórias, sua construção é algo que o cinema de Scorsese tem mais fome, o erro, a vitória e o fracasso parecem ser os extremos mais importantes dentro de sua filmografia. Não atoa, existe uma aproximação, juntamente a narração, logo de cara, entre o espectador. Aquilo não é uma pura história de bandidos ou ladrões, é um drama entre personagens extremamente humanos, de características próprias que tanto formaram o cinema de Scorsese.
Se Elia Kazan bordava seus personagens com o registro real, trazia a câmera a total realidade do que estava sendo filmada, Scorsese faz o mesmo, quando já não é apenas uma história contada através da tela do cinema, é algo que necessita a participação complementar do espectador, para então apreciar a liderança e sabedoria até na pinta autoral de Robert De Niro, o nervosismo e a violência de um cão raivoso do baixinho Pesci, a beleza estonteante e estabilidade psicológica de Stone. Não é apenas por que fazem parte do trio parada dura de Scorsese que são notados, mas sim por que existe uma relação forte entre eles, da amizade, do negócio e do amor. É triste então, para nós, que estamos aqui, do lado de fora, que com certeza já nos tornamos próximos dessas figuras, vê-las se desfazerem na mesma velocidade com quem fomos apresentados as mesmas.
O show de Scorsese, não mais em nova-york ou nas cidades grandes, mas sim isolado num deserto rodeado de cores e luzes é não só uma fábula irônica dos temas que mais domina, mas também um flerte entre o drama expressivo e o poder midiático em menor instância. A vulnerabilidade de seus personagens, não é captada apenas pelos sentimentos soltos da raiva de Pesci ou da neurose de Stone, existe ali a vulnerabilidade através da mídia, de quem os espia, de quem os vigia que tanto da energia às desavenças, da velha amizade e a paixão por uma mulher – sempre elas -, que põe em risco um império.
Parece, na verdade, que toda vida dos homens filmados por Scorsese não passa disso, uma mera questão de sorte, uma aposta entre vida e morte em torno de todo o mal que movimenta a ganância do ser humano: dinheiro.
Valeu Lucas 😏
Essa é uma das melhores obras do Scorcese. A cena do espancamento com bastões ficou na minha memória e marcou forte (eu tinha 12 anos, mais ou menos) e virei fã confesso. Prabéns pela lembrança e pelo texto.
Obrigado Cristian 🙂.
Cassino é muito foda!
Só de sacanagem vou rever agora em o blu ray e volto a comentar por aqui!