A década de 70 instituiu vários regimes ditatoriais em países da África, Ásia e América. Não só no ramo político, mas também no ramo cultural com o firmamento do rock e seus posteriores malefícios para as futuras gerações.
Não causa estranheza depois da tragédia que se abateu sobre sua pessoa (morte da esposa) que Polanski que escapara da sanha nazista durante a segunda guerra, permanecesse com sua atenção focada ao passado. Não no sentido contemplativo, mas procurando enriquecer com sua capacidade e talento um gênero que parecia esgotado: O noir.
Chinatown é uma obra-prima. Talvez o melhor filme de seu diretor. Além de nos marcar pelas atuações simplesmente perfeitas de seu par central. Um filme policial, que ao invés de ressuscitar um gênero, vem ao contrário soprar-lhe novos ares, fazendo-me crer que talvez ninguém consiga fazer-lhe par (Uma cilada para Roger Rabit é tosco e nada constrói dentro dessa proposta).
Um filme simples, lento, em que é impossível encontrar senões. A ambiguidade dos anos 30 é transcrita de forma natural, não sendo nada negligenciado, fazendo com que mergulhemos nesse ambiente e de lá só saiamos finda a projeção. As primeiras imagens que surgem na tela já nos dão conta que se tratará de uma grande obra. A fotográfia (soberba) ocupa papel primordial no todo. Ela nos lembra o gênero noir em se aproximando, mas dando-lhe um caráter todo seu: uma dimensão única, incomparável e fascinante. Cria uma atmosfera cativante, hipnótica e única. A mise em scène é bem conduzida. O diretor dá prova de seu talento. Ele nos seduz em não nos fornecendo o lugar comum. Ele ousa.
O diretor opta por seguir Gittes. Tudo é visto através de seu olhar, a partir de seu ponto de vista, criando assim o suspense e a tensão. Seguimos Gittes em tempo real e vamos desvendando paulatinamente situações que nos pareciam simples, mas que eram complexas. O roteiro dos filmes noir antes de Chinatown careciam muitas vezes de lógica. Aqui tudo é desvendado ao final de maneira inteligente e sem concessões.
Para fazer par as belas interpretações, a fotografia impecável, a direção sóbria e eficiente, além de um roteiro genial, brinda-nos também o filme com uma magnífica trilha sonora assinada por Jerry Goldsmith que se casa perfeitamente a atmosfera criada.
Uma exceção dentro da cinematografia mundial, já que nada se criou em cima dela. Mas um momento maior que nada envelheceu desde o seu lançamento. Obra da mente de um cineasta cujo rock não a maculou.
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